DESORDENS DO PROGRESSO

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QUEM VIVER VERÁ?

Lembramos bem o dia em que a VERACEL CELULOSE – quando ainda se chamava Vera Cruz Florestal – foi flagrada desmatando 50 mil hectares de mata atlântica no extremo sul da Bahia, sendo denunciada abertamente pelo Greenpeace e Cepedes, mostrando o grave crime ambiental que cometera em 1990. Vixe Maria, a empresa fez aquele alvoroço! Tentou – através do dinheiro que tem – desmentir os fatos na imprensa; influenciar na justiça e não permitir o embargo às suas atividades criminosas; maquiou a área desmatada para as vistorias que se seguiram e com certo sucesso, tentou ganhar a opinião pública a seu favor.

A área foi embargada, mas nada parou a agressão desenfreada da Veracel celulose, que conseguiu as licenças ambientais através de propaganda e dinheiro para plantar eucalipto nos municípios do extremo sul da Bahia em terras “compradas” ou em áreas alugadas.

Ao tempo em que a Veracel foi se consolidando, prometia muitos empregos e melhorias, de desenvolvimento fácil, um paraíso! E tanta gente caiu nessa conversa fiada que a empresa virou uma deusa, uma autoridade máxima, o papa, o patrão salvador do futuro dos filhos dos seus empregados diretos e indiretos. Ledo engano.

Veja aí a situação em que se encontram os municípios: da mata sobrou um pouquinho pra pesquisa dos ambientalistas; os plantios de eucalipto avançam sobre as terras agricultáveis, ou seja: onde teria que se plantar alimentos, estão plantando eucaliptos; a Veracel invade tudo: É terra de pequena agricultura; É terra de povo indígena; É terra de Quilombola; É terra de comunidade tradicional; É o rio que seca, é o bicho que foge, é o homem que se espanta.

Muito se falou das famílias que eram expulsas do campo sob variadas formas, indo parar nas periferias da cidade que – perplexas e famintas – se entregava a todo tipo de sorte ou azar.

Hoje quem está fugindo do campo, da mata e das roças são os bichos: virou rotina vê bicho do mato na rua, fugindo, buscando comida; É urubu que passeia na praça de manhã; são variados tipos de pássaros se aninhando nas árvores da cidade.

É a violência de toda ordem. Meninos e meninos na rua, assaltos; disputas de gangues por pontos de tráfico, morte.

A agressão visual, a ameaça do ar poluído; o caos do trânsito; o congestionamento dos hospitais; o aumento da demanda dos postos de saúde; os preços elevados; tanta “gente de fora”, vários sotaques regionais sendo falado, e muitas famílias enganadas que vieram pela propaganda do emprego, hoje sem saber como ir embora.

No começo de julho os jornais publicaram a decisão da justiça federal que multa a Veracel celulose em R$ 20 milhões de reais.

Nem de longe resolve o problema que ela criou.

Como diária o poeta: “Quem quiser vem vê, o deserto e a fome crescer.”

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