De tudo Poesia

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Gregório de Matos, também conhecido como “O Boca do Inferno”, pela sua poética voraz em meio à sociedade lusitana na Bahia e suas relações consideradas “marginais” na época. Eis um poema contemplativo, provavelmente numa ressaca daquelas:

DESCREVE UM HORROROSO DIA DE TROVÕES

(Crônica do viver Baiano Seiscentista)

Na confusão do mais horrendo dia,
Painel da noite em tempestade brava.
O fogo com o ar se embaraçava,
Da terra, e ar o ser se confundia.

Bramava o mar, o vento embravecia,
A noite em dia enfim se equivocava,
E com estrondo horrível, que assombrava,
A terra se abalava, e estremecia.

Desde o alto aos côncavos rochedos,
Desde o centro aos altos obeliscos
Houve temor nas nuvens, e penedos.

Pois dava o Céu ameaçando riscos
Com assombros, com pasmos, e com medos
Relâmpagos, trovões, raios, coriscos.

– Gregório de Matos –

Texto-fonte: Obra Poética, de Gregório de Matos,
3ª edição, Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

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