DESORDENS DO PROGRESSO

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Haja Escuridão, Essa noite vai ter Sol

Quando eu era menino, um professor meu dizia: – somos feitos de energia da terra, de toda a sua matéria.
Ficava então a pensar como era aquilo.
Depois outra novidade chegou em minhas mãos: que o sol era uma estrela e que o universo estava se expandindo até morrer, sabe-se lá quando.

Nossa família e eu sempre moramos em cidades pequenas, sob a luz da lua, entre estórias e mistérios; entre encantos da noite e a magia dos contos de fada.
Neste tempo, a luz que nos acompanhava era produzida pelo querosene em lata, vendida nas “vendinhas”, empórios ou casas de comércio varejista. Era com esse querosene – que não tínhamos a noção como era produzido – que iluminávamos as nossas casas à noite.
Todos os dias, à tardezinha, os lampiões eram acesos.
Era uma hora sagrada, o momento de acender o “bibiano.” Nessa hora bendita, a gente tomava a benção dos pais: – “bença mãe!” e a mãe respondia: – Deus te abençõe meu filho!

Depois veio a luz elétrica, produzida pelas hidrelétricas, pelas águas represadas.

Nos tempos modernos de hoje, com a aceleração das horas e do consumo exarcebado, vivemos sob a ameaça da violência, do medo e da ganância das empresas. O planeta sofre e sofremos nós. São tempos de escuridão das consciências.

Hoje faltam horas sagradas, falta a benção dos pais e está faltando energia para abastecer as cidades.
Além disso, falta noção do homem e do seu tempo que finda e do planeta que morre, ameaçado e agredido. Nossa nave-mãe. Nossa mãe sagrada.
Hoje aqui em casa vai ter sol, claridade dos nossos corpos que estarão acesos, enquanto as luzes permanecerem desligadas, na HORA DO PLANETA.
Aproveitaremos para contar estórias e lembrar de um tempo que nunca esquecemos, o tempo de viver.

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