Coisas da saudade
Fazer um suco cedo, temprano, é uma arte.
Quando fazia cedo o café daquela minha menina, eu me sentia um gigante,
Um guerreiro pronto para o dia de luta, no campo de batalha.
Ainda mais feliz era sentir a sua alegria.
Ela sempre foi uma bela flor de primavera.
Mostrei muitas coisas a ela,
Não mostrei nada.
Acertei muitas coisas com ela
Não acertei nada.
Ela é a dimensão das coisas que nunca serão coisas, e sim, arte.
Hoje na correria, em meio ao nada de uma cidade pequena
Inventando as urgências do nunca
Inventando as horas sem relógio,
Inventando as sombras do sol,
Guardando guarda-chuvas para a próxima tempestade….
Saindo pela avenida,
Deparei-me com uma “banquita” del churros.
E em comemoração à saudade que senti, comprei dois churros.
Disse ao vendedor: – É para matar a saudade que sinto de minha filha.
Ele sem entender disse: – leva três. Os dois primeiros são para o meu trabalho e o terceiro para a sua saudade. Assim, no mundo de hoje matamos a nossa fome, seja você de saudade, seja eu de labor.
Por fim, percebi que ele havia entendido tudo.
E saí cantarolando uma música de Chico Buarque……. atônito e emocionado.
Coisas da saudade.
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