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eunindo alguns materiais para finalizar o roteiro de um documentário sobre coisas de nada, matérias de poesia – como diz Manoel de Barros -, deparei-me com a poetisa Roseana Kligerman Murray que em seu livro trata poeticamente das Artes e Ofícios*, digamos assim, em vias de desaparecerem.Mas que não desaparecem jamais, apesar de rarear nas cidades: O consertador de sapatos; o retratista; o guarda noturno; o consertador de relógios. Sobre este último, ela tem uma poemeto que diz:
O Relojoeiro
Mal raia o dia
O relojoeiro se debruça
Com sua lupa
Sobre o coração dos relógios.
Com suas mãos delicadas
apalpa, escuta
o sono encantado do tempo.
Para ele os relógios estragados
são como pequenos pássaros
adormecidos.
Quando um relógio fica bom,
o relojoeiro suspira.
*Artes e Ofícios, FTD, 1995.
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