Encontrei Augusto Boal no aeroporto de Belo Horizonte, indo de volta ao Rio de Janeiro depois de ter participado do Encontro dos Pontos de Cultura na capital mineira. Como havia longo tempo vivenciado a experiência do Teatro do Oprimido e exercitado a forma ou a “não-formalização” teatral a partir da práxis teatral dele, conhece-lo, poder falar com ele diretamente foi gratificante e emocionante. O cumprimeintei e ele atentamente ouviu-me por instantes, falou de sua vinda a BH e não disse mais nada. Novamente disse coisas, palavras soltas sobre o mundo e a alegria de encontrá-lo, rimos, nos despedimos.
Hoje, sabado dia 02 de maio Augusto Boal morreu. Neste momento são inúmeras as manifestações de pesar e comentários sobre a sua história de luta e de posição firme contra a opressão, a desinformação e as coisas certinhas, manipuladas. Lembrei-me da poesia de Auden(H.W):
Funeral Blues
Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado
As estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.
(H.W.Auden).
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