As Caretas
“Tempo bom de carnaval era o tempo das Caretas.”
Ele ficou lembrando disso, após ter assistido a um documentário sobre os blocos carnavalescos em Olinda, Pernambuco.
Não houve tempestade, não teve assassinato em massa, não foi a televisão nem a escola.
Mas não foi preciso nenhuma análise sociológica nem um historiador para decifrar o enigma. Não foi um fenômeno da modernidade e sim um processo pensado para destruir, suprimir as tradições e culturas locais, para que as empresas de turismo chegassem na beira da praia, para que as empresas que mantinham as bandas musicais tivessem maior lucro e sobretudo, para que as prefeituras e os seus prefeitos-comerciantes enchessem os bolsos e sustentassem os seus hotéis e suas empresas de transporte e propagandas.
Assim, para o litoral cria-se o carnaval e reinventa-se o trio elétrico, subtraindo aquela arte instrumental de Dodô e Osmar e, para as cidades mais pro interior inventa-se o Micareta, um modelo deturpado do carnaval, satisfazendo assim o mercado carnavalesco dos blocos empresariais e evitando que as empresas de turismo perdessem dinheiro: bandas, hotéis, transportadoras, prefeituras e publicitários fazem a farra!
E assim, nada mais de Chegança; nada mais de Caretas, nem dos Blocos tradicionais, nem dos cabloquinhos, nem dos sons criativos dos grupos, nem o povo na rua, nem nada.
Vamos por ordem na casa!
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