Ser Tão

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História e Identidade

Fugindo da famosa seca de 1951, no sertão baiano, Dedé padeiro e a sua esposa Ester Ávila, desceu o altiplano da Conquista, cruzou o Sertão da Ressaca e parou na Gameleira, em um dos afluentes do Rio Grande de Belmonte, o Jequitinhonha.
Uma das características marcantes daquela familia de cinco filhos era alegria e a capacidade de reunir gente, artistas que eram. Dedé padeiro, cujo apelido marcara o seu ofício, logo adquiriu um casarão e ali se instalou, com padaria, bar e disposição.
Semanas depois, enviou os filhos mais velhos em Belmonte buscar uma mesa de sinuca, raridade naquelas paragens e comprada em Salvador sob encomenda, vinda de barco, subindo o rio Jequi até Cachoeirinha do Salto, parada obrigatória porque as corredeiras impedia qualquer navegante.
Para receber a sinuca na Gameleira(hoje Caiubi), o povoado fez festa, enquanto se montava a sinuca, quebra cabeça de peças e caçapas entre cores verde e encarnado.

Para desbravar aqueles recantos de floresta atlântica e estórias encantadas, era preciso disposição, e a família tinha. Os principais centros comerciais eram Belmonte, Porto Seguro ou Canavieiras, as quais se alcançavam levando dias, semanas, em aventuras de meninos.

Dez anos se passara e as constantes viagens fizera com que a família de Dedé padeiro e Ester Ávila mudasse para Gabiarra, vila próxima do rio Santa Cruz, e ali fincasse raiz de vez.

Cinquenta e oito anos se passara e estamos ao lado de um dos filhos de Dedé Padeiro, ouvindo as suas histórias.
Com orgulhoso setenta e quatro anos, o patriarca do Viola de Bolso, Wilson Ávila, músico seresteiro do tempo de Sílvio Caldas, nos agracia com seus relatos intensos.
Na medida em que o tempo passa, tomamos consciência do quanto necessitamos aprender a lição da vida.

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