ESPAÇO CULTURAL TEM QUE SER ESPAÇO DE ENCONTRO E APRENDIZADO
Nestes anos em que o Viola de Bolso Arte e Memória Cultural tem vivenciado a experiência em dirigir um espaço cultural aberto ao público, na comunidade do bairro dr. Gusmão em Eunápolis, a reflexão que fica é que ainda falta muito para o Brasil vencer essa dívida social com o seu povo, apesar do avanço do governo Lula. A gente percebe a vontade, o desejo, o anseio que as pessoas têm em participar ativamente, em saber o que é, como é que funciona e como pode se incluir. É muito interessante presenciar esse palco da vida.
Evidente que as conquistas atuais e o advento de políticas públicas de cultura é resultado de lutas do movimento cultural e seus militantes espalhados pelas regiões desse imenso e diverso país.
Os espaços culturais há décadas atrás nos pareciam estranhos ninchos de privilegiados da elite artística brasileira ou – quando administrado pelo poder público – locais reservados para aqueles grupos “afinados” com a gestão local e a ela totalmente subserviente. Entre a verdade e a aparente confusão de entendimento, sabemos que a grande maioria da população não tinha acesso aos bens culturais nem era valorizada em sua produção e fazer artístico.
Independentemente disso, os grupos e comunidades tradicionais de cultura resistiram e de forma autônoma fizeram e fazem as suas lutas, exercitando as suas expressões, perpetuando os seus modos de bom viver, sentir e se relacionar com o mundo, através do seu fazer cultural.
Foi assim que muitos grupos se instalaram em locais comunitários de socialização e esperança cultural.
Seja na zona rural seja na zona urbana, em muitos lugares considerados periféricos ou marginalizados, ocorreram levantes culturais importantes no Brasil. Com isso, novos espaços culturais surgiram e com eles, um novo conceito de fazer arte e de conteúdo muito mais humanizante, partindo do princípio da troca de saberes e do aprendizado mútuo entre jovens, meninas, anciãos, mestres, aprendizes, artistas populares, baseados em nova pedagogia, com referenciais diversos da história e da realidade brasileira.
Programas governamentais – a exemplo dos Pontos de Cultura – vieram como reforço e fortalecimento desse mundo esquecido e deixado de lado por parte da academia e intelectualidade brasileira e renegado – na oficialidade – pela história de resistência vivida há décadas passadas. O Programa de Pontos de Cultura fez efervescer e emergir os movimentos de resistência. Junto a isso, outras experiências de apoios do governo que pareciam fadados ao fracasso ganhou nova roupagem e tenta sobreviver.
Enquanto isso, esperamos a consolidação da política de cultura, sustentada no sistema nacional de política cultural, um compromisso de todos.
É neste contexto que Espaço Cultural ou Centro de cultura como local exclusivamente para espetáculos de final de semana perde sentido e razão de ser. Ali não existe vida, diversidade, ensinamento e aprendizado em constante ebulição, crescendo mutuamente. Chega de platéias estáticas e invisíveis.
Espaço cultural tem que ser pensado como um local de intenso movimento cultural, que amplie horizontes e valorize os saberes; que privilegie o diálogo e o acesso incondicional dos diferentes grupos sócio-culturais e que se multiplique, um aqui, outro ali, como expressão comunitária, confluindo idéias dos sujeitos e fortalecendo projetos dos grupos, para o bem de todos e certeza de um salto para o futuro.
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