Palavra de Neruda

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ÁRVORE  PALAVRA*

Aqui vem a árvore, a árvore

Cujas raízes estão vivas,

Tirou salitre do martírio

Suas raízes comeram sangue,

Extraiu lágrimas do céu:

Elevou-as por suas ramagens,

Repetiu-as em arquitetura.

Foram flores invisíveis,

às vezes flores enterradas,

Outras vezes iluminaram

Suas pétalas, como planetas.

Esta é a arvore dos livres.

A árvore terra, a arvore nuvem.

A árvore pão, a arvore flecha,

A árvore punho, a arvore fogo.

Afoga-a  a água tempestuosa

De nossa época noturna,

Mas seu mastro faz balançar

O círculo de seu poder.

  • Poema fragmento de Pablo Neruda, em o Canto Geral. Edição de 1979.

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