FULÔ –
A palavra Fulô foi inventada por alguém que tinha no peito a alegria e a musicalidade da vida.
Outras tantas palavras, fruto da fricção interétnica, da fruição da língua e da necessidade de comunicação entre os povos, ganharam a mesma força criativa e tomaram conta dos terreiros, das varandas, das praças e das casas do nosso Brasil. Sem querer, aliou sobrevivência à história.
O pensamento hegemônico condenou e execrou tal fenomenologia, sem saber – talvez por medo – que aquilo era – dada a tamanha força criativa – , impossível de sucumbir aos tempos e à violência dominante dos poderes vigentes.
A academia virou os olhos e cerrou ouvidos para a gênese das novas filosofias das culturas e da diversidade que habitavam a língua, a gravura, a cantiga e as estórias encantadas, em constante fruição por estes povos, grupos ou levas de viventes buscando novos campos onde continuar os ciclos de sua imaginação e sonho.
A palavra Fulô é uma serpente alada feita do polén da vida e da criatividade, somente acessível aos sentimentos coletivos de compartilhamento e sinergia entre os seres.
Ela nos torna todos parentes, como somos na natureza. Então melhor seria dizer que ela nos RE-torna e dá sentido ao nosso parentesco.
Nos alerta para isso:
Que habitamos um mesmo plano e não somos nada, diante da imensidão do universo e do desconhecido.
Fulô é uma palavra que se planta e, como semente germina. Além de musical, Fulô é uma palavra visual, o seu talo, a sua medula, equilibra a visão de quem a observa e reflete luz.
Eunápolis, primavera de 2000.
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