Academia da saúde na Praça Dr. Gusmão
Desde abril de 2013 que a administração de Eunápolis iniciou uma obra em plena praça Dr. Gusmão, onde também está localizado o Espaço Cultural do Viola de Bolso. Quando os moradores do bairro começou a questionar sobre aquela movimentação de obras, é que ficaram sabendo que ali se instalaria o projeto chamado Academia da Saúde, programa federal cujo projeto na cidade está sob a responsabilidade da secretaria municipal de saúde.
Os ativistas do Viola de Bolso e a maioria dos moradores ficaram mais intrigados ainda pois os reclames foram ganhando ressonância, principalmente para os moradores do entorno da praça. O Viola de Bolso enviou ofícios ao ministério público estadual e às secretarias envolvidas no projeto (meio ambiente, infra estrutura, saúde e planejamento), solicitando esclarecimentos e pedindo reuniões para tomar conhecimento do projeto e suas interfaces municipais. Logo uma placa foi instalada com aquelas informações básicas: valor da obra, tempo determinado e parceiros institucionais, etc. porém não havia ninguém para informar os detalhes e nenhuma resposta foi encaminhada ao Viola de Bolso.
Nas árvores não se toca!
Passado meses das atividades obra ficamos sabendo através dos trabalhadores no local que seriam arrancadas quatro árvores para dar lugar um projeto de jardinagem, como componente do projeto mais amplo. Novamente o Viola de Bolso oficiou as secretarias, e dessa vez o Conselho municipal de meio ambiente foi acionado, quando em reunião do Conselho houve um debate entre os conselheiros, que tomaram a decisão de agendar uma conversa no local e buscar informações. As informações eram desencontradas e ninguém sabia quem realmente era o responsável pelo projeto de arquitetura e engenharia da academia de saúde.
Mesmo assim vieram representantes do Conselho municipal de meio ambiente, representantes da secretaria de infra estrutura e obras, da saúde do meio ambiente. A pequena reunião começou tensa, mas depois os ânimos se acalmaram, dando uma noção da situação. Constatou-se que os moradores nunca foram consultados, não houve nenhuma audiência, nenhuma pesquisa, nem divulgação do começo da obra. Isso sem levar em consideração os quesitos licitação, engenharia e adaptação dos impactos e confusão no local, pela quantidade de material exposto em plena rua e praça pública, onde passam centenas de trabalhadores, muitos carros e motos, pela via de acesso que é o bairro em várias direções ao centro e a outros bairros populosos da cidade.

A noticia da derrubada das quatro árvores foi confirmada pelo secretário municipal de meio ambiente Mauro Borges que informou que recebeu um pedido de licença para efetuar o corte das árvores, mas que negou o pedido, até que novos levantamentos mostrasse a necessidade de cortar as árvores.
No local foi possível constatar que não é preciso cortar as árvores, podendo ser feito alteração no projeto de jardinagem e iluminação da praça, contemplando as bonitas árvores. Mesmo assim os moradores estão atentos afirmam que nas árvores ninguém toca!

Mudanças no projeto, acompanhamento e sugestões
Na pequena reunião os participantes declararam que vão oficiar nesta semana documentos às autoridade locais afirmando que desejam mudanças no projeto, pretendem acompanhar sugerindo a criação de uma comissão de moradores que estejam passo a passo no desenvolvimento das atividades e vai elencar sugestões de alterações que melhore os equipamentos propostos no começo do projeto.

Ao final ficou acertado que será realizada um reunião mais ampla nesta semana, em que todos os dados do projeto serão repassados aos moradores e debatidas as possibilidades de mudanças e acompanhamento pelos moradores.
Para o Viola de Bolso não há dúvida sobre a importância de projetos sociais como este da academia de saúde. Os questionamentos são para a forma e os métodos como são instalados, sem nenhuma consulta ou informações, desrespeitando direitos e o exercício da cidadania. Além disso, projetos prontos como estes – que tem suas qualidades e benefícios – tendem a ser inadequados se não levar em consideração a realidade local e os anseios da população. Uma praça como a dr. Gusmão tem uma característica muito forte de praça de encontro entre as famílias, os jovens e crianças no fim da tarde, no final de semana. E uma construção incrustada bem no meio dela agora será a mudança de toda essa perspectiva do encontro, impede a visão do outro lado da rua e se configura agora como uma academia – ainda que de saúde – em que pessoas disputarão equipamentos de ferro e de concreto, tirando a poesia do lugar e elegendo elementos de força e musculação como o centro de tudo. Para nós ainda fica o desafio da manutenção, cuidado e proteção do patrimônio público.
Por isso devemos acompanhar e propor mudanças.
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