A equação é simples: faltam médicos brasileiros que queiram ir ao interior do Brasil fazer o que prometeu quando jurou em solene formatura, salvar vidas. Na falta, programas de incentivo, através de boas propostas e incrementos surgem como o Programa Mais médicos; ou acordos de cooperação com outros países em que a medicina é eficiente, caso de Cuba. Além disso, existem projetos solidários de ajuda mútua entre os países, a partir de conceitos políticos e humanitários. E com Cuba estamos inaugurando um novo momento.
Para quem não sabe, o “Programa Mais Médicos” faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, que prevê mais investimentos em infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profissionais.
A iniciativa prevê também a expansão do número de vagas de medicina e de residência médica, além do aprimoramento da formação médica no Brasil.
A decisão do governo de trazer 4 mil médicos cubanos criou um fato político interessante. Política é feita de símbolos, e Cuba é o símbolo mais polêmico, mais profundo e mais romântico da esquerda brasileira.
A medida ajuda a distensionar um pouco a relação entre o governo e os setores mais orgânicos e engajados da esquerda organizada, que vem fazendo uma crítica (muitas vezes com razão) cada vez mais severa aos recuos políticos e ideológicos do PT e da presidenta.
O governo identificou que a saúde pública é o principal motivo de angústia dos brasileiros, que o problema é mais grave nas pequenas cidades e lugares isolados, e que não havia interesse dos médicos de trabalharem nessas regiões.
Então lançou um programa, o Mais Médicos, aberto em primeiro lugar para os médicos brasileiros, os quais, influenciados pelas entidades de classe e pela mídia, não demonstraram entusiasmo por ele, nem mesmo diante de um salário de R$ 10 mil, três vezes superior ao piso da categoria, além de auxílio-mudança de até R$ 30 mil.
Ao contrário, o Brasil testemunhou o corporativismo egoísta e reacionário entre os médicos, como se a profissão deles não tivesse nenhuma responsabilidade diante dos problemas da saúde pública brasileira.
A grande mídia, com sempre faz com qualquer iniciativa do governo que vise ajudar o mais pobre, já desatou uma forte campanha contra a vinda dos cubanos.
Desta vez, porém, o governo acertou na mosca. Primeiro fingiu que recuou, lá no início do programa, em julho. Apanhou um pouco da esquerda, mas conseguiu adiar essa polêmica para mais tarde, quando o programa estivesse mais consolidado.
E agora, de supetão, anuncia a vinda de 4 mil médicos cubanos, que começam a chegar dentro de alguns dias.
Engraçado ver a mídia tentando usar as contradições políticas no interior das instituições para desqualificar o programa.
Fonte: texto de Miguel do Rosário em o cafezinho.
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