
Alimentados pela energia que brota do solo sagrado do povo Tupinambá e orientados pelos seus Encantados que habitam a enorme e mística serra que protege a Aldeia da Serra do Padeiro, os cerca de 400 participantes representando mais de 40 Entidades do Brasil, America Latina e Europa, presentes na Marcha dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica, que teve como tema Em defesa das terras sagradas dos Tupinambá, realizada no período de 14 a 16 de março de 2014, aprendemos com o povo Tupinambá que é preciso “resistir para existir”. Portanto subscrevemos esta carta e para tanto:
Reafirmamos:
- E continuamos assumindo os compromissos das jornadas agroecológicas da Bahia;
- O desejo da ampliação da Teia de Agroecológia como espaço de lutas conjuntas e de solidariedade entre campo e cidade;
Repudiamos:
- A postura mais uma vez de submissão do governo brasileiro e do governo do estado da Bahia ao agro e hidro-negócio, à Bancada Ruralista e à Confederação Nacional da Agricultura, através da não regularização das terras indígenas, quilombolas e impedindo reforma agrária. Comercializando a biodiversidade, em especial a terra e água, elementos sagrados para os povos tradicionais e originais, em simples mercadoria ou moeda de troca para seus interesses;
- A postura irresponsável e criminosa de diversos veículos da mídia regional e nacional, a exemplo da Rede Bandeirantes, na criminalização das lutas dos Movimentos sociais e povos tradicionais e suas lideranças através de material de cunho preconceituoso, incentivando o ódio, o racismo e consequentemente ferindo de morte os direitos constitucionais tão duramente conquistados.
Exigimos:
- A democratização dos meios de comunicação;
- A imediata revisão e até mesmo a suspensão das concessões públicas de sinas de TV, em especial da Rede Bandeirantes e Rede Globo;
- A democratização da terra com reforma agrária já e as regularizações imediatas das terras indígenas e quilombolas;
- Um basta no processo de criminalização das lutas e das lideranças.
Solicitamos:
Do Conselho de Segurança Alimentar (CONSEA) que exija dos governos estadual e federal a regularização dos territórios indígenas da Bahia, em especial o T. I. Tupinambá de Olivença, que atualmente passa por um intenso processo de violação de diretos, pois entendemos que a verdadeira segurança e soberania alimentar destes povos só acontecerá quando houver a regularização de suas terras para que possam construir seus projetos de vida.
Convocamos:
- A sociedade brasileira a se indignar com a ordem estabelecida, que gera violência, insegurança, contra a cultura do medo, contra a continuidade dos saques às riquezas do povo brasileiro, ao mesmo tempo percebemos que é preciso romper o isolamentos de muitas lutas e nos somarmos num grande mutirão na busca por cidadania e dignidade, construindo uma unidade na luta a partir das experiências enraizadas a partir das bases, e assim avançarmos para uma NOVA SOCIEDADE POSSÍVEL ou, como nos ensina o povo Guarani: CONQUISTARMOS A NOSSA TERRA SEM MALES.
Fortalecidos e Fortalecidas pela farinhada coletiva, ansiosos e ansiosas na germinação das sementes de milho e cacau orgânico plantados em mutirão e esperançosos e esperançosas no crescimento do nosso pé de Baobá plantado neste solo sagrado, ousamos dizer: Diga ao povo que avance: AVANÇAREMOS!
Serra do Padeiro, Terra Sagrada dos Tupinambá, 16 de março de 2014.
Assinam as Entidades presentes:
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