QUAL A TUA ESCOLA VIOLA
“A educação como prática da liberdade,
ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato,
isolado, solto, desligado do mundo,
assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens”
Paulo Freire.
Parafraseando Freire..
“A cultura como prática da liberdade”
Considerando as conquistas no plano dos direitos culturais em 2015 em nível municipal(que somente terão repercussão num futuro não muito distante), o ano 2016 será de arranjos e de muita movimentação. Novos atores estão presentes na ação cultural em Eunápolis, indo além do campo das artes. Aliás, nesse campo, as demandas são inúmeras, sobretudo com a ausência de uma formação artística sincera, de maior profundidade e profissionalismo, que coloque a questão na ordem do dia e aponte as necessidades(não o faz de conta e a superficialidade que permeiam as escolas atuais, sejam as formais ou as não-formais, sejam as institucionalizadas ou não), porque a banalização dos estudos artísticos tem levado a um jogo de cena muito ruim e a uma formação de artistas-fantoches, alienados, iludidos com o mercado e sem compromissos com as realidades ao seu redor.
A formação de artistas por si só, que exerçam a sua função de acordo a demanda do mercado ou em função de uma doutrina qualquer não é do nosso interesse, nem nosso foco. Como também temos a consciência que, a ideia de uma arte-entretenimento, alegórica e plastificada sempre tem prevalecido entre a classe média, a pequena burguesia e também entre as igrejas evangélicas, entre segmentos da igreja católica, as neo-petencostais, as mais reacionárias que se pode imaginar. Não era pra ser diferente, dada a falta de aliança histórica e falta de trato com a diversidade cultural do país desses setores da sociedade brasileira, ao longo de décadas. O que houve foi sempre a valorização do produto final(a industria cultural) e não do processo criativo e suas vertentes. No caso dos ‘crentes’, a apropriação indébita, a instrumentalização das artes(sobretudo do teatro e da música, o rádio e a tv) tem a nossa veemente crítica, porque é o sinal claro dos resquícios de um colonialismo que repudiamos1.
Mas isso é assunto pra depois.
Voltando aos novos atores sociais(da ação político-cultural, que denominamos de ativistas culturais) em Eunápolis, vale registrar a trajetória de construção de parte da juventude estudantil organizada em coletivos culturais, ou inserida em algumas ações em outras instituições de caráter político ou cultural, buscando um protagonismo e uma identidade que lhes dê afirmação, inclusive a partir de determinada linguagem artística.
Este cenário, aliado ao processo de construção da política pública de cultura em âmbito municipal tende a gerar uma boa movimentação que leve a ganhos sociais e culturais para toda a cidade. É o que vemos enquanto perspectiva, apesar de recente as experiências.
Neste sentido, o papel do viola de bolso continua sendo o de fomentar o surgimento e a criação de novos grupos e coletivos culturais, de novos espaços de cultura e da articulação em torno de políticas coletivas e de busca de novidades que ampliem entendimentos sobre a cultura e o compartilhamento dos saberes, que incorpore novos repertórios e diálogos entre as diferentes tecnologias da vida cultural presente e que dê, inclusive, novos significados às artes.
1.Não fazemos aqui, nenhum juízo de valor ou abordagem da religião, respeitando a liberdade de exercer qualquer crença, religião da pessoa ou de grupos. Citamos aqui a instrumentalização das artes -declarada abertamente – apenas no intuito de ‘evangelizar, doutrinar, arrebanhar fieis para as suas igrejas’, a exemplo do que fazem empresas para convencer sobre seus projetos ou a indústria cultural, em nome do mercado.
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