A pobreza aumenta, aumenta o número de pessoas que passam fome, aumenta o número de animais que passam fome, aumenta o número de desabrigados, aumenta a temperatura do planeta, aumenta a concentração de renda e poder na mão de uma minoria favorecida que diminui. As florestas diminuem, a confiança nos outros diminui, a segurança diminui, a qualidade de vida nos grandes centros diminui, o censo de humanidade dos poderosos diminui.
É chato também saber que as ações da Veracel Celulose ultrapassam os limites do extremo sul da Bahia, atacando e desmatando não só o Brasil, mas também uma série de outros países, além da poluição gerada pela queima de eucalipto. Aliás, vale lembrar que o Brasil está entre os cinco países com maior emissão de CO2, e que mais de 70% da poluição gerada pelo nosso querido país não é gerada em prol do crescimento industrial: é referente às queimadas e ao desmatamento (sejam essas ações criminais ou não).
Há quem diga que o plantio de eucalipto é uma ação que previne o desmatamento, pois evita o corte de madeira nativa com o intuito de fabricar móveis, papel, ou quaisquer outras coisas. Pura inocência, principalmente em casos como no extremo sul da Bahia, dito no texto anterior. A mata nativa foi substituída pela monocultura extensiva de eucalipto, diminuindo a biodiversidade, expulsando os animais e entregando-os à morte em centros urbanos. Além disso, o prejuízo no solo é permanente. Mesmo que existam opiniões contrárias em relação ao eucalipto, se ele consome mais água que as outras plantas ou não, qualquer monocultura é prejudicial, afetando não somente a biodiversidade como também o solo. A verdade é que, vai demandar muito tempo e investimento para recuperar toda a área ocupada pelas árvores “alienígenas”. O estrago já foi feito, e o solo comprometido.O manejo do eucalipto exige cuidados.
Acabo de assistir uma palestra sobre nutrição, e pensei na fome que passam os animais que tiveram o seu lar destruído pelo monopólio do eucalipto. Às vezes esquecemos que o mundo não é só dos homens. Dividimos o nosso espaço com quase 2 milhões de espécies diferentes, número que infelizmente vêm diminuindo gradativamente.
Que mundo vamos deixar para os nossos filhos, e para os filhos dos nossos filhos, enquanto continuar a destruição constante das matas, enquanto espécies animais e vegetais continuam a “sumir do mapa”?. Que futuro podemos esperar para nós, que possuímos um corpo tão frágil e incapaz de resistir às situações extremas que temos criado à nossa volta? Um dia seremos nós, humanos, os ameaçados de extinção. Será que as manifestações, ONGs e até mesmo as florestas serão ouvidas quando esse dia chegar?
Assistimos estáticos a esse teatro do horror, enquanto toda a humanidade é empurrada pela força bruta dos detentores de poder (que nem sempre são providos de capacidade intelectual e suficiente para pensar e tomar decisões decentes em prol do bem comum, ou às vezes são “espertos” demais, e visam o enriquecimento próprio, olhando exclusivamente “para o próprio umbigo”), que se movem pela própria ganância, ignorando o bem-estar da sociedade, enchendo os bolsos com o desespero e a miséria de grande parte da população, que passa fome.
É triste fazer parte de um cenário tão cruel, com um fim que já se pode prever. Porém, mesmo não tendo poder para mudar o mundo sozinho, não se pode ficar estático como quem assiste a um filme triste num cinema lotado e não tem nem ao menos a liberdade de chorar à vontade.
É preciso agir, antes que nada mais possa ser feito para salvar o “planeta água”. Ainda há tempo para parar e pensar. Pequenas ações podem, sim, mudar o mundo; o que falta é a conscientização de que pequenas atitudes no dia-a-dia, como jogar lixo no chão, contribuem para o fim próximo e inevitável (se as coisas não mudarem) da possibilidade de vida humana na Terra.
É hora de olhar a sua volta e parar para pensar no valor do dinheiro. Precisamos tanto dele assim? Será mesmo que o sacrifício de uma vida (humana, animal ou vegetal) vale alguns trocados? Será que vale a pena se desesperar ao ponto de assassinar o próprio planeta em busca de pedaços de papel estampado que, simplesmente por existir, já derrubaram algumas árvores para se transformar no símbolo do poder na vida moderna?
Enquanto isso, finalmente alguma ação foi tomada para mudar a situação da Amazônia, mas isso ainda é muito pouco para reparar o estrago que já foi feito: o mundo não depende apenas de ações governamentais ou das ONGs, depende do esforço individual de cada um de nós. É preciso mudar o mundo!. E espero, sinceramente, que alguém possa viver para ver.
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