Do Verbo Passar
Cumprimento a quem passa
Com dedos em movimento, o corpo em movimento,
Sem deixar rastros de fantasias.
Meus cumprimentos são despropositados e sem nada
Como esta cidade sem cor
Como estas ruas desvairadas.
A diferença é a minha cabeça
O espírito que ronda meus eternos pulsos de dor
Minhas calças coloridas e minhas botas rasgadas.
Cumprimento a quem passa inevitavelmente cego
Inevitavelmente alegre
Inevitavelmente ansioso, como quem busca tábuas de salvação.
Esta cidade é meu teto hoje
Não quero muito este teto que desaba a cada dia
Que me sufoca e que me afoga.
Quero um lugar de descanso -se bem que nunca encontrei –
Pela minha própria natureza de ser, mas quero.
Vou navegando até chegar ao meu mar
O mar das coisas que insisto em sonhar.
Um mar entre você e eu entre nós entre todos os outros
Entre o nada e nenhuma coisa.
Entre dormir e acordar entre esperar entre esperar
Como quem senta no alpendre da casa
E vê o tempo passar.
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