Abaixo, a poesia de Cabacinha do MST, em Eunápolis no extremo sul da Bahia. Cabacinha se foi “fora do combinado” como diria Rolando Boldrin referindo-se à morte. Mas vai lá na região onde Cabacinha atuava, onde ele mantinha sua fé na luta, que verás sua pisada e sua chama.
Veja abaixo um Martelo Agalopado, ritmo que o poeta deu ao tema da invasão:
BRASIL QUEM TE VIU ANTES, HOJE QUEM TE VÊ
Brasil há 500 anos atrás você era tão lindo
Tinha milhões de índios e índias
Que preservavam você
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
O que fizeram com o verde atlântico
Que acobertava você
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
Seu ouro e sua prata
Sem respeito e dignidade ao próximo
Antes tudo isso pertencia a você
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
Com tanta pouca fauna, flora e biodiversidade
Que antes eram muitos e pertenciam a você
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
Roubaram tantas coisas suas
Cedro, Jacarandá e o Pau-Brasil
Exterminaram com o seu Ipê
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
Só rola fome, preconceito, discriminação e racismo
Antes nada disso pertencia a você
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
Tu és chamado de pobre
Considerado 3º mundo
É assim que tratam você
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
Há 500 anos atrás você foi invadido
Por um grupo de bandidos
Vindos da Europa
A mando do Rei de Portugal
O chefe da gangue era Pedro Álvares Cabral
Brasil quem te viu antes, hoje quem te vê?
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