De tudo Poesia

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MANUEL CARNEIRO DE SOUZA BANDEIRA FILHO nasceu em Recife, em 19 de abril de 1886. Ainda jovem, muda-se para o Rio de Janeiro, onde faz seus estudos secundários. Em 1903 transfere-se para São Paulo, onde inicia o curso de Engenharia na Escola Politécnica. No ano seguinte, interrompe os estudos por causa da tuberculose e retorna ao Rio de Janeiro. Desenganado pelos médicos, passa longo tempo em estações climáticas do Brasil e da Europa, onde toma contato com a poesia simbolista e pós-simbolista.

Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre e José Condé, representa a produção literária do estado de Pernambuco.

No dia 13 de outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, morre o poeta Manuel Bandeira, no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.

(Mundo Cultural, Projeto Releituras, Wikipedia / Texto editado)
Mais sobre Manuel Bandeira: Mundo Cultural / Projeto Releituras / Wikipedia

Canção para minha morte

Bem que filho do Norte,
Não sou bravo nem forte.
Mas, como a vida amei,
Quero te amar, ó morte,
– Minha morte, pesar
Que não te escolherei.

Do amor tive na vida
Quanto amor pode dar:
Amei, não sendo amado,
E sendo amado, amei.
Morte, em ti quero agora
Esquecer que na vida
Não fiz senão amar.

Sei que é grande maçada
Morrer, mas morrerei
– Quando fores servida –
Sem maiores saudades
Desta madrasta vida,
Que todavia amei.

(Maio de 1961)


Manuel Bandeira tinha então 75 anos quando escreveu este texto, despedindo-se da vida – que duraria ainda mais 7 anos. Aos 18 anos, Bandeira foi desenganado – tinha tuberculose. Foi um jovem que sofreu uma série de privações em função da sua doença. Ele encontra na poesia uma válvula de escape. Seu poema mais famoso “Vou-me embora pra Pasárgada” ilustra bem a sua luta contra a tuberculose:

[…]E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!
[…]

Em Pasárgada tem tudo

Tem alcalóide à vontade
[…]

Alcalóide: referência aos remédios que o autor tomava.

Bandeira vive muito além das expectativas mais otimistas dos médicos que o diagnosticaram a sua doença. O poeta, que encontrou na arte de escrever uma forma de fugir do tédio e da solidão, morre enfim aos 82 anos, vítima de parada cardíaca – e não de tuberculose.

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