Comer cobra e jacaré
Geralda Chaves, de Araçuaí e representante do Cedefes, uma entidade mineira de assessoria e pesquisa sobre quilombolas e indígenas nos visitava naquele mês de janeiro de 2003, para uma viagem até a beira do Rio Jequinhonha em Itapebi, nas ilhas próximas a Boca do Corrego, onde os indigenas Tupinambá tinham morada.
Seguimos viagem de Eunápolis cedinho e alcançamos a beira do rio Jequi, aguardando canoeiro que nos atravessasse. O rio já não estava tão fundo como antes.
O canoeiro veio e na outra margem um indigena nos aguardava, quando andamos mais uma hora até chegar na aldeia. Lá estava Japu e sua esposa tratando uma “caça” que matara noite passada. Depois das boas vindas e das apresentações, perguntamos que caça era aquela.
De chofre, a Tupinambá disse que na noite passada foi ao rio, quando num charco viu o seu cachorro de estimação ser enrodilhado por uma sucuri, sem dar tempo pra pensar ela caiu na água e lutou por alguns minutos com a cobra grande, matando-a depois de longo esforço e salvando o seu cão querido. Chamou Japu para arrastar a bicha e preparar uma boa moqueca.
Logo, nos encontramos comendo carne de cobra, deliciosa. Mas havia uma outra opção de peixe ali naquela cozinha pequena. Japu explica: É que nesse mesmo dia ele havia matado um jacaré do brejo, na lagoa encantada. Aproveitamos e provamos do jacaré, também muito saboroso.
Isso tudo em meio a muita conversa sobre a história dos indios que habitavam aquela região que forma o Vale grande do Jequitinhonha.
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