Em Ilhéus, Olivença é território Tupinambá, reduto indígena em consequência da força da violência impetrada pelos invasores. Ilhéus foi construída dos escombros das aldeias, dos engenhos e da labuta do negros ali segregados.
Após séculos de invasão, construída sob a égide da soberana economia cacaueira, cada povo quer o seu lugar. O conquistador que se achava vencedor, está assustado porque os grupos étnicos se levantam, terreiros e aldeias a exigir de volta as suas terras.
É neste terreiro e nesta aldeia que acontece a Conferência das culturas, a conferencia estadual em que as identidades se encontram e compartilham lutas e esperanças.
Ilhéus, e suas expressões culturais há décadas refém de um turismo “pardo”, medíocre e asséptico, deve se levantar. Entidades negras, grupos tradicionais e artistas não podem continuar pautando as suas artes e folguedos em nome de um turismo mesquinho, que usa e abusa da “cultura”, como se essa fosse um objeto de plástico que se lava e espera pra depois ser usado. É oportuna a Conferência para Ilhéus. Os seus artistas assim como toda a região – também sentiu a crise do cacau e as suas instituições – como a Casa dos Artistas – viveram dias de sufoco.
Quem sabe nesta Conferência poderemos abraçar os donos da terra e afirmar com eles os propósitos de comunão e reciprocidade. E em seguida festejar.
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