Ponto de Cultura faz e acontece

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Quando se é movimento
Às vésperas da Conferência Nacional de Cultura em Brasília, e próximo do Encontro Nacional do Pontos de Cultura em Fortaleza, Ceará, a chamada Teia, vemos o País avançando em suas bases para que políticas públicas de cultura sejam estabelecidas. Tem PEC no Congresso, tem Lei Rouanet e diversos mecanismos de acesso a aportes financeiros. Todos carecem de reflexão e debate, para ajustes necessários.
No caso dos Pontos de Cultura, entendendo-os como bases de um movimento cultural que se amplia em todo o País, neste momento torna-se crucial conhecer as suas raízes históricas, sua gênese e seus principais pressupostos.
Tem muito Ponto de Cultura que desconhece a origem desse movimento e incorre em erro, ao deixar-se atrelar ao estado, sem entender o seu caráter autônomo, sua dinâmica e diversidade que lhe é peculiar.
Os Pontos de Cultura nasceram de movimentos que remontam a década de 1960, anterior ao golpe militar(vê textos ao lado), de inspiração livre, nos processos educativos de Paulo Freire, de levantes culturais do movimento estudantil à época e da insurgência cultural de Augusto Boal, com o Teatro do Oprimido.
A sacação histórica de quem estava/está à frente do governo Lula, com a decisão de interiorizar e descentralizar os seus programas culturais é que impulsiona e retoma esse elo, gestando o que tornou-se os Pontos de Cultura. Assim o governo – de dentro pra fora – permitiu a fruição das expressões comunitárias e da nova mobilização do movimento cultural – dando folego às lutas de resistência cultural em diversas regiões.
Assim o o movimento – de fora pra dentro – se viu crescendo e tomando conta, multiplicando-se e ainda perplexo com essa nova possibilidade.
Agora é assumir de vez a sua autonomia. Os Tamboes digitais, a Teia tem que expressar isso, deixar de ser chapa branca, deixar de depender sempre da mobilização governamental para fazer acontecer.
A estadualização do programa de Pontos de Cultura, se boa de um determinado aspecto, deve levar em consideração os pressupostos que garante aos Pontos de Cultura a diversidade de movimento e autonomia de caminhada histórica, para não se perder no caminho e fadar-se à dependencia paternal do estado ou de eventual governo bonzinho.
Agentes culturais “acostumados” com o ir vir das reuniões pagas pelo governo, ofuscados pelo holofote oficial e dados à espetacularização das artes ou marionetes dos eventos governamentais, não servem para Pontos de Cultura.
Ser artista ou ativista cultural em sua comunidade é possibilitar a vez e a voz de todos, como importante mecanismo de empoderamento social e decisório dos seus destinos.
Assim fazer e acontecer. Não esperar.

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