O show de apresentação do CD Encantados, do Viola de Bolso hoje, 24, em Eunápolis traz diversos temas ligados a história e a antropologia cultural. Os seus textos musicais falam da história regional e instiga o nosso imaginário, com a sua poesia lúdica.
Leia abaixo texto do grupo sobre a poesia de Sosígenes Costa:
IARARANA
Um Centauro fugiu do Olimpo depois de desobedecer a Zeus e foge para se esconder no Rio Grande de Belmonte, Jequitinhonha. Ele é visto entrando na Barra e, pela sua forma, assusta até a Caipora e Romaozinho. Com cabeça de homem e corpo de cavalo, rapidamente ele ganha um nome: Tupã-cavalo. O Centauro invasor arrasa tudo por onde passa; Ao ver a Iara se apaixona e quer ela de qualquer jeito. Diante da recusa dela, ele a domina forçadamente.
Iararana nasce da violação feita por Tupã-cavalo à Iara, mãe d’água. Iararana nasce com a índole cruel do seu pai – invasor estrangeiro – que maltrata a mãe e os outros seres míticos da floresta. Tudo é diferente desde a chegada de Tupã-cavalo; quando Iararana nasce, com ela brota a raiz do cacau. Um dia Tupã-cavalo rouba a semente do cacau e leva para a Europa, terra dos deuses do Olimpo, a fim de reatar a amizade com Zeus. Tendo fracassado no Olimpo, Tupã-cavalo retorna casado com uma gringa de lá de onde ele também veio; esta fica amiga de Iararana e juntas passam a maltratar a sua mãe e os outros seres da floresta. Elas duas juntas acorrentam a Iara no fundo do rio.
Este é um período difícil para todos: enchente de rio que alaga tudo; os bichos perdem os seus instintos; os seres míticos se enfraquecem; a mata pega fogo e as estações ficam em confusão.
Até que Iara consegue fugir das correntes que a prendiam e se esconde numa plantação de cacau com a ajuda do Pai da mata, com quem passa a viver, ficando grávida dele, quando nasce meses depois, o “Filhinho de Aimoré”.
Mas é este seu filho quem consegue verdadeiramente libertar a Iara e para isso tem que acabar com o reino de Iararana, preparando a morte de Tupã-cavalo; É o Lobisomem quem cumpre a sentença matando o invasor. O Menino do Céu – Filhinho de Aimoré – é orientado pelo seu avô, a Alma do Mato a restaurar as forças dos seres da floresta e preparar uma grande batalha para acabar com a vida de Iararana e a sua aliada gringa. A alma do mato revela ao menino como e onde deverá matar Iararana e a sua aliada, através de uma flor do mato. Finalmente ele as encontra e Iararana vendo aquela flor no chão pega e, ao cheirar cai morta.
A liberdade de Iara se completa e ela passa por entre um arco-íris para em seguida se embrenhar no cacau, rodeada pelos seres míticos da floresta em grande festa. O mundo da mata volta ao normal.
Sumário.
(sobre poema longo de Sosígenes Costa).
Editora Cultrix.
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