Não é uma constatação isolada, sobre o futuro da cultura no extremo sul da Bahia, que deverá apresentar um salto de qualidade, de participação, de criação, produção e representação no estado, anunciando a década que começa.
Acesso aos Editais
Os números de acesso dos grupos e entidades de cultura aos editais da Secretaria Estadual de Cultura – Secult/Ba e a soma de recursos aplicada na cultura regional sinaliza efeitos nunca antes pensados, é o portal para mudanças de agora, que o futuro reconhecerá.
Muitas regiões na Bahia vivem esta revitalização da força criativa dos grupos de cultura e da mobilização comunitária no sentido de apresentar e expressar o seu fazer criativo. Essa movimentação e revitalização é resultado de dois movimentos: o primeiro é o legado de resistência dos artistas e grupos tradicionais de cultura, que conquistaram espaços e condições para a manutenção de suas manifestações; o segundo movimento, vem da inversão ousada do governo estadual, na descentralização e interiorização dos recursos e no apoio aos diferentes segmentos da cultura em seus níveis e múltiplas realidades, apostando na diversidade cultural que é a Bahia.
Os dados dos últimos três anos mostram essa mudança, em todas as direções. Seja do governo estadual – através da Secretaria de Cultura – na relação com o poder público local, ou seja do diálogo com os grupos e entidades culturais nos territórios baiano, ao criar o representante territorial de cultura, presença aproximada do governo, na crença de suas ações e no efeito que elas podem gerar.
Se de um lado, as condições para a implementação de políticas públicas para a cultura ainda são desafiadoras, já que os prefeitos têm muitas dificuldades (e falta interesse) em entender e apoiar o processo de construção e implantação do Sistema de Política Cultural, de outro, os movimentos culturais não param de crescer e se fortalecer. Os grupos e entidades culturais estão abertos e favoráveis ao diálogo, na contribuição direta para ver concretizada todos os passos e mecanismos que garantam a consolidação dessa política, favorecendo – através de suas expressões do cotidiano – a sustentação de compromissos mútuos entre os poderes.
No Território do extremo sul estamos prontos para encarar este processo com tranqüilidade e muita boa energia…
Não só de poder vivem as políticas
A Secult/Ba deve prestar a atenção e perceber que não adianta ‘enquadrar’ a sua atuação – seja no extremo sul, ou qualquer território -, isolando cada ator/poder local, com proposições em separadamente. Ou seja, a Secult/Ba não deve atuar e dialogar com cada segmento em separado, seja ele prefeito; gestor de centro de cultura; coordenador de um movimento ou grupo cultural. É preciso criar e garantir mecanismos – já que as Conferencias foram momentâneas e conjunturais – que produzam efeitos de entrelaçamento entre os diversos setores, garantindo espaços contínuos de diálogo e construção. A política (a cultural) não existirá por si só, pelo simples gesto de assinar as leis e decretos; ela será/é resultado desse entendimento e dessa mediação entre as esferas de governo e aqueles que representam as suas comunidades e seus grupos, em espaços vitais que sustentam as culturas em suas inúmeras dimensões.
Porque, apenas o gesto ou a assinatura; o discurso ou a palavra de boa vontade não fará com que funcionem Conselhos de Cultura, Fundos de cultura, secretarias, etc, nem justificará gastos com festas folclorizadas para atrair turistas e fará do gestor local o cara sensível à cultura.
O extremo sul é agora
Em grande parte os grupos ou entidades culturais da região acessaram aos editais e foram contemplados com recursos financeiros que apóiam diferentes projetos. Além disso, a maioria dos municípios recebeu importantes incentivos:
– São 10 Pontos de Cultura espalhados em diversos municípios;
– São 09 Bibliotecas municipais sendo modernizadas. Isto é, recebem novos equipamentos multimídias, acervos e capacitação para lidar com o desafio da cultura digital.
– São 05 Bibliotecas municipais sendo implantadas, em municípios que ainda não tinham este espaço, pelo simples fato de os seus antigos gestores não se interessarem por isso.
– São 09 Filarmônicas municipais sendo apoiadas em um programa específico de revitalização e valorização, como estímulo aos jovens para a música.
– São 03 conjuntos de equipamentos de Cinema a serem entregues através do Edital Cine Mais Cultura, para estimular todas as formas de paixão pela sétima arte.
– São 02 projetos de articulação e expressividade territorial, no âmbito do Edital ‘Territórios Culturais’, a impulsionar as expressões artístico-culturais do extremo sul da Bahia.
– Além disso, muitas outras iniciativas de grupos ou indivíduos que receberam apoios diretos do governo baiano, através da Fundação Cultural do estado ou em programas federais de incentivo à cultura.
Obs: Não consideramos aqui os repasses do Fundo Estadual de Cultura aos municípios. Esta é uma matéria para muitos debates…
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