O Censo IBGE de 2010 mostrou que Eunápolis cresceu muito em dez anos, como muitas das cidades brasileiras. Esse crescimento desordenado, mais que isso, tem sido como a chamada ‘corrida ao ouro’ em décadas atrás. A exploração dos recursos naturais, a instalação habitacional irregular, a distribuição de áreas e a isenção fiscal para empresas sem levar em consideração contrapartidas e a exploração agressiva de mão de obra, geraram índices altíssimos de violência, pobreza e desagregação familiar.
Uma sociedade altamente fragilizada, faz que seus bens culturais, sua dinâmica e costumes cotidianos, além do sentido de comunidade vai se perdendo paulatinamente, enquanto outros valores individuais de busca pela sobrevivência prevaleça, disputa feroz para se conseguir alguma coisa, levar vantagem às custas do outro.
A falta de acesso a educação, saúde e habitação com dignidade, ameaça a vida e o sentimento do cidadão.
O seu fazer cotidiano que dava sentido à vida, de relações comunitárias e manifestação do saber cultural que regia a sua trajetória histórica, dá lugar ao nada da televisão, ao vazio da praça e das informações nefandas da propaganda, da violência banalizada e da falta de alternativas.
A cidade é o não-lugar.
Eunápolis está nesse nível, de não-lugar e perca radical dos seus referenciais que deram origem à cidade, bem como uma total desterritorialização dos cidadãos, seja do campo ou da cidade. Isso é de propósito.
Quem gera isso? As empresas capitalistas aqui instaladas, seus agentes financeiros, políticos e boa parte da maquina estatal que sustenta e crer apenas em seu lucro na bolsa de valores.
Qual o mecanismo utilizado? A imposição de uma educação técnica mecanicista voltada para a produção ilógica; a imposição de uma monocultura do eu-sozinho; a imposição e massificação da informação inútil para a perca da identidade cultural e do domínio territorial do ser.
A supressão de paisagens rurais e urbanas que dão referencia aos lugares e à história de um povo.
Como superar isso? Fortalecer a vida em espaços comunitários e garantir as diferentes formas de expressão cultural e manifestação solidária do viver.
Lutar por uma economia da reciprocidade, das feiras livres e do fortalecimento da agricultura familiar.
Consórcios solidários de cultura, bom viver e mercados alternativos.
Re-ordenamentos territorial em que ruas e praças sejam lugares de interação familiar, exercício cultural e de compartilhamento da esperança.
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