É PROIBIDO PROIBIR

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É proibido não!
Num poema de d. Pedro Casaldáliga, bispo do Araguaia e defensor dos povos indígenas no Brasil, ele condena a propriedade privada em detrimento das populações sem terra e sem pão.
Maldita sejam todas as cercas que nos privam de vive e amar/
Maldita sejam todas as leis – que amparadas por umas poucas mãos – /
Faz da terra escrava, e escravos os humanos.
A lembrança é que certa vez, numa pequena aldeia indígena um fato interessante chamou a atenção. Alguns estudantes – de uma Ong amiga – daquela comunidade indígena estavam visitando a aldeia para o trabalho de antropologia que desenvolviam.
Para que eles pudessem chegar à aldeia sem se perderem, uns cinco meninos vieram buscá-los na estrada que dá acesso à área, uma légua de distância, percorrida a pé. Em meio ao caminho, alguém viu e leu uma placa numa cerca com a inscrição “é proibido tomar banho de cachoeira”, foi bem no momento em que os meninos disparavam em correria e ninguém sabia porquê, a não ser depois de uns cem metros poder visualizar a pequenininha cachoeira, numa abertura de cerca – que afastada -, o acesso ficara livre. Ali era o mundo da meninada.
Indagados por que aquela placa continuava ali e sobre o perigo de entrar assim numa propriedade privada (a placa proibia), os meninos falaram dois motivos que levavam a ignorar a placa: primeiro, a terra era deles e de seus antepassados; segundo, não sabiam ler, por isso a placa não tinha sentido nenhum. Com placa ou sem placa, dava na mesma, a proibição anunciada era apenas a arrogância do fazendeiro, que distante dali, se achava o dono, só porque tinha dinheiro.
Depois dessa, todos tomaram banho e seguiram viajem até a aldeia.

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