
São blocos tradicionais que saem todo ano na festa de carnaval, dos bairros Ponta de Areia e da Biela. A presença negra é clarividente, os ritos e ritmos africanos marcam os gestos e as cores.
Provavelmente a tradição esteja por um fio e ameaçada pela inovação nociva do carnaval, que, ao invés de incluir, exclui os blocos tradicionais, como foi constatado pelo Viola de Bolso, em entrevistas com mestras e mestres da cultura popular em Belmonte. A falta de apoio do poder público local se traduz até na não-citação na programação oficial do carnaval, falta apoio em materiais básicos, como uma faixa ou em confecção de uma bandeira. As Nagôs, que é comandada por D. Dezinha, saiu com a faixa do ano passado(veja as fotos), porque não teve quem doasse uma faixa em 2011.
Um dos blocos mais procurado é o Rompe Brasa, no qual homens e – agora – mulheres camuflados com folhas e plantas saem à rua sob o som dos atabaques e cantos africanos, inspirados em entidades míticas e nos parentes antepassados. Antes, a participação das mulheres era proibida, mas com o tempo, elas próprias foram incorporando um jeito próprio de participação, até mesmo porque o Rompe Brasa não segue uma linhagem ou um ritual específico, não tem hora, nem quantidade de pessoas prontas para sair na avenida. Segundo Fradique, líder tradicional do bloco,’quem for chegando, vai se vestindo de folhas, participa e acaba vindo todo ano.’ Para ele, o Rompe Brasa é apenas uma brincadeira.
Lamentavelmente, os blocos têm que disputar com a barulheira dos carros de som altíssimos e música de péssimo gosto.
Belmonte fica no sul da Bahia, na foz do rio Jequitinhonha e seus moradores vivem da pesca e do turismo.
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