Era 1975, quando o véio Wilson passou a fazer uma festa junina de proporção comunitária. A idéia nasceu com a criação da comunidade católica do também recém criado bairro dr. Gusmão. As bases da paróquia surgiram com fé em Santo Antonio, dia 13 de junho. E a festa começou com um quermesse da comunidade em prol da construção da igrejinha devota ao santo casamenteiro. Para a meninada, aquele era um espaço mágico e colorido, de brincadeiras e descobertas.
Na praça era instalado um barracão e em seu entorno as pequenas barracas de petiscos juninos e bebidas da época. O barracão tinha um caráter de espaço de dança: forró, xaxado e baião, mas também vendia bebidas e alternadamente ocorria um leilão para arrecadar dinheiro pra igrejinha nascente.
Em 1978 a festa já era uma tradição, pelo ajuntamento de gente e de forrozeiros. O espaço era disputado por autoridades, políticos, militares, a imprensa, pela visibilidade que o evento gerava e pela mobilização que fazia, ao reunir tanta gente de todos os bairros e cidades circunvizinhas.
Em 1983 a festa foi assumida pela prefeitura e ganhou novos contornos, com esquema empresarial, patrocinadores e trafico de influencia na divisão dos espaços das barraquinhas e stand´s de vendas. O sentido de comunidade deu lugar ao esquema mercadológico e a afastou os santos, a comunidade, a tradição e a alegria dos participantes.
Dois anos depois a festa mudou de lugar e de razão de ser. O evento transitou em locais diferentes, foi alvo de manobras eleitorais, deixou de trazer os bons forrezeiros e não demorou muito, se acabou.
Em 2003, dez anos depois de ser assumida pela prefeitura e 28 anos passados de sua gênese, a festa de São João no bairro dr. Gusmão não existe mais e hoje a festa junina chama-se “Pedrão”, numa alusão a São Pedro e com o objetivos únicos de lucro pelas empresas de cerveja e de bandas/trios elétricos, as mesmas do carnaval travestidas de grupos de forró.
Até hoje o veio Wilson faz uma grande fogueira em frente à praça dr. Gusmão e recebe amigos, visitantes e saudosos festeiros da época do “arraiá do Gusmão”, no intuito de manter viva a memória e não perder de vista o sentido daquela tradição, ainda que simbolicamente.
Coincidência ou não, o Viola de Bolso Arte e Memória Cultural nasceu ali, acompanhando as festas e de pois de décadas, se instalou em frente à praça. De certo modo, os dirigentes do Viola de Bolso – ao realizar o forró do Ponto de Cultura – faz uma homenagem merecida ao veio Wilson e àqueles que com ele, criaram aquele espaço mágico.
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