OFICINA DE POESIA

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OFICINA

Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.

Che Guevara

Ao companheiro Luiz José da Cunha, assassinado em julho de 1973

Há nesta cidade uma oficina.

Há nesta noite uma oficina.

Os ferreiros são apenas sombras,

na hora tardia dos encontros.

Reter a palavra quando o gesto é possível.

Descer a rua como a bruma sobre o mar.

O vigia não perceba mais que o vento,

um sereno mais intenso.

Há neste país uma oficina.

Há uma oficina na América.

Percebemos daqui o martelar das ordens:

recortar no aço o rosto dos ferreiros,

a mão taciturna dos ferreiros.

Trabalhar no ferro a vontade

dos escolhidos, a alma retificada

na dor, a crença que resistiu purificada.

Há na madrugada uma oficina.

Há no sangue do povo uma oficina

de reservas infinitas,

que se reconstrói a cada minuto.

Você, companheiro, encontre os homens

que labutam na forja

e diz a eles por mim:

não malhem na bigorna sem ternura.

Pedro Tierra –

Pseudônimo de Hamilton Pereira, que nasceu em Porto Nacional (TO), em 1948. Viveu em seminários e prisões. Por sua militância na Ação Libertadora Nacional (ALN), cumpriu cinco anos de prisão (1972/77) em Goiânia Brasília e São Paulo, sofrendo tortura. Libertado, contribuiu para fundar e organizar Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Foi secretário de Cultura do Distrito Federal. Desde 2003 é presidente da Fundação Perseu Abramo. Militante informal do MST; participou da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

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