Nas ultimas décadas os mestres de Folias de Reis tem se angustiado muito, percebendo as dificuldades cada vez crescentes em manter a tradição da Folia. O princípio vital da Folia é a visitação. Lembra que a origem das Folias de Reis nos remete à visita que os três Reis magos fazem a Jesus menino em Belém, guiados por uma estrela. Daí que as Folias saem em cantoria e reza, de casa em casa, anunciando a vida e a alegria. Uma tradição que se consolidou sobretudo no campo, com os mestres reizeiros, rezadores, cantadores e violeiros.
O êxodo rural – consequência da grilagem no campo – levou muitos grupos familiares detentores desse saber para as cidades. A cidade passou a conhecer mais profundamente essa prática musical religiosa. Hoje as mazelas do mundo moderno e o medo têm sido impedimentos para a prática das Folias, além da confusão que fazem as igrejas pentecostais e evangélicas, gerando um preconceito sem sentido, fruto da desinformação. Até dirigentes da igreja católica torcem o nariz para tal sabedoria milenar, desconhecedores da fé e da esperança com que as Folias são encharcadas.
A Escola é a esperança.
Tendo como base e chão fértil a Pedagogia Griô, que articula os saberes dos mestres com a escola formal, a educação solidária e revitalizante de educadores como Paulo Freire, Augusto Boal, dentre outros, é que acreditamos que é possível inverter essa situação que angustia a mestres das Folias e diversos grupos culturais que mantém essa prática tão bonita.
A Associação Grãos de Luz e Griô lançou um projeto que cria inúmeras possibilidades de articulação entre os saberes dos mestres Griôs e dos sujeitos da escola formal, ambos possuidores de processos históricos de acumulo e vivenciais que carecem de registros, valorização e empoderamento. Comunidade, escola formal, mestres e grupos culturais nesse terreno fértil da criação e da esperança, a revitalizar saberes e pensar um mundo mais fraterno.
Eis o Prêmio Griô. Nada mais nada menos que uma iniciativa da Associação Grãos de Luz que irá contemplar uma determinada experiência vivenciada desse diálogo entre os saberes, resultando em um vídeo documentário de um minuto e meio a ser transmito pelas redes de TV educativas e pela internet, além de serem divulgados pelas escolas participantes e pelas comunidades envolvidas.
O Viola de Bolso foi contemplado por esse projeto e está em movimentação para que o resultado – que é o documentário de um minuto e meio sai bem bonito, com a participação dos alunos da Escola Municipal Humberto de Campos, nossa vizinha, e com a presença enriquecedora do grupo de Folia de Reis do mestre domingos Brito.
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