A utopia andina de José Carlos Mariátegui

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Mariategui

 

A recuperação da obra de Mariátegui se acentuou a partir da década de 1990, quando movimentos étnicos na América Latina são consolidados

Texto de Cristina Portella em Carta Maior

Lisboa– Marx também vestiu “poncho” no seu congresso de Lisboa. No trabalho apresentado pela professora da USP, Vivian Urquidi, conhecemos o pensamento do peruano José Carlos Mariátegui, um dos principais autores marxistas latino-americanos. “Em décadas recentes, vem sendo reavido para compreender não apenas a crescente etnização da política na região, como a formação de um pensamento descolonizado a partir de projetos de retórica socialista”, explica Vivian.

A recuperação da obra de Mariátegui teria se acentuado a partir da década de 1990, quando movimentos étnicos na América Latina são consolidados, ao mesmo tempo que políticas de inclusão das minorias étnicas são incorporadas com maior ou menos intensidade pelos Estados latino-americanos. “Uma esquerda renovada, em especial em países de forte presença indígena, teria passado a pensar os povos indígenas não apenas como sujeitos de direito e cultura, mas principalmente como portadores de alternativas para uma nova hegemonia”.

José Carlos Mariátegui ganha importância nesse cenário, pelas possíveis contribuições que teria feito para um pensamento descolonizado”, acrescenta Vivian. Ainda no início do século XX, o autor peruano fora capaz de defender que as questões nacionais na América Indígena não poderiam ser resolvidas sem um projeto que levasse em consideração os povos indígenas. “E mais: que as formas de organização social, política e econômica destes povos poderiam ser a base para um projeto socialista a partir de uma utopia andina.”

A vida de um revolucionário

Mariátegui foi o fundador do Partido Comunista Peruano e participou ativamente dos debates da III Internacional. “A obra de Mariátegui inclui uma vasta produção de artigos de opinião política, crônicas do cotidiano, análises do cenário socioeconômico nacional e internacional, e de crítica literária”, relembra Vivian.

Sete Ensaios Interpretação da Realidade Peruana, publicado em 1928, pouco antes da sua morte, aos 35 anos, foi o seu grande sucesso literário, tornando-se o livro peruano traduzido no maior número de línguas. A contribuição desta obra residiria numa nova leitura da realidade peruana, ao tentar articular a análise económica e cultural do país ao problema agrário e da terra no Peru, incluindo neste a “questão do índio”.
Leia o texto na íntegra aqui

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