Desobediência necessária
Se não lutar, o que resta aos povos indígenas?
Sem a sua terra, não poderá viver,
Sem os seus direitos não terá segurança,
Sem consciência do seu devir, perderá sua história, elo que sustenta a sua existência no mundo chamado moderno.
Chega a ser inspirador a poetas e escritores, a ensaístas e articulistas de jornais, o caso de Urutau Guajajara que permaneceu em cima de uma árvore, após diversos indígenas serem expulsos de um dos prédios do museu do índio, no Rio de Janeiro.
Mas, além de inspirador o fato revela as contradições históricas que vive o Brasil e o seu estado reacionário, frente ao que se estabeleceu de relação entre o estado e suas populações originárias, das armadilhas políticas dos governantes de hoje e da virulenta, intensa e maldita guerra desencadeada pelos fazendeiros, empresas do agronegócio e do turismo predatório, tudo sob a luz cega da justiça, contra os povos indígenas.
Desde as celebrações ufanistas do governo brasileiro nas festas dos 500 anos em abril de 2000 que presenciamos a mais deslavada campanha contra os povos originários no Brasil. Veio o governo Lula e só piorou a situação, pois este estabeleceu como moeda de troca – no jogo eleitoral – os territórios tradicionais e lavou com lama podre as leis que garantiria os direitos indígenas na constituição brasileira. No governo Dilma a situação ganhou dimensão de holocausto em algumas regiões como a dos Guarani no Mato grosso do Sul; A violência se agravou no nordeste, nos conflitos com as obras da transposição do Velho Chico, da ganância do turismo no sul da Bahia, ou no norte do País, ao entregar o território sagrado para a usina de Belo Monte.
Em muitos lugares, o direito somente foi garantido ou permitido, após massacres contra famílias indígenas. No MS nem isso tem sensibilizado as autoridades, ao contrário, as autoridades tem virado as costas para os povos originários, para os quilombolas e para o povo em geral. O olhar agora está mirando o gramado, a copa de 2014 e os seus reflexos financeiros e eleitorais. Que se dane a história e seus patrimônios materiais e imateriais!
Por isso o museu do índio deve ir abaixo no Rio de Janeiro, e com ele a memória, a história e a árvore do índio Urutau Guajajara.
Quanto ao Guajajara, este foi desobediente, num tempo em que hoje abaixamos a cabeça pra tudo(para a TV e a sua verdade; para a igreja e a sua mentira; para a escola e a sua pseudo-sabedoria)e temos sido obedientes ao estado, em suas mazelas e em sua negação do humano.
Quando restar apenas uma árvore de resistência, que subamos nela e nela promulguemos novas lutas! Que o gesto de Urutau se multiplique.
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