Escolas culturais

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Não sei de onde nasceu a ideia de escolas culturais, mas tenho muita cisma sobre isso. Porque é preciso analisar com muito cuidado a situação das escolas para depois pensar como a cultura se faz presente no espaço escolar. Não estou falando das artes, das linguagens artísticas, e sim da cultura. O que vemos são as escolas sem nenhuma perspectiva de dar certo, sem ampliar possibilidades nem criar algo novo. Enquanto os espaços culturais serem cada vez mais os lugares em que as comunidades se reúnem, interagem e criam as suas linguagens, mensagens sobre a situação em que estão vivendo. Por isso defendo que os espaços culturais tenham as mesmas condições que as escolas e não que as escolas virem espaços culturais. Vou justificar a minha posição.

Tem muita gente acreditando que a cultura vá salvar as escolas. E pior, tem gente achando que as artes(misturando cultura e artes) vá salvar a escola. Ledo engano.

A escola tem que buscar as suas saídas, acreditando nas suas potencialidades de construir conhecimento. A escola é a o lugar da vida pulsando, do encontro, das experiencias e da vida compartilhada entre aqueles sujeitos, meninas e meninos no melhor momento de suas vidas. Mas isso tem sido ameaçado pelo mundo exterior das realidades de consumo e de exploração em que vivem as famílias, o centro e as favelas em seus lugares de trabalho e de combate diário pela sobrevivência. A luta de classes é o palco de um cenário misturado pelo cotidiano, entre a escola dos filhos, a TV da família, a missa ou o culto do domingo e os dias de trabalho sem fim. E a escola não conhece nada disso, não sabe desse lugar nem dessa condição. E o professor de hoje vem dessas condições, não reconhecendo o seu lugar nem a sua realidade, reproduzindo os livros e as historias confusas do colonialismo, do mercado e da televisão.

Escola não é espaço cultural, é sim, lugar de vivências culturais.

Já espaço cultural é uma escola, cheia de possibilidades criativas, inclusive que pode influenciar nas realidades das escolas. Por isso defendo que os espaços culturais tenham as mesmas condições(jurídicas e econômicas) de uma escola, que sejam reconhecidas no municípios como unidades escolares, e que suas experiencias sejam complementares às notas do currículo e do desempenho do aluno, nessa parceria entre a escola e o espaço comunitário de cultura. Pais, professores e ativistas culturais sejam monitores, avaliadores, acompanhantes desse processo, sujeitos ativos no mesmo nível, compartilhando saberes e socializando conhecimentos.

Mas um fator principal é que o professor tenha a consciência do seu mundo e de si mesmo, reconheça as manipulações do mercado e se posicione frente às injustiças de sua realidade local.

Se não tem essa coragem e capacidade, impossível.

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