Eunápolis na desmemória

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Resumo: Neste artigo apresento uma crítica para o esquecimento e a negação pelas escolas de Eunápolis para a falta de estudos, pesquisas, registro de narrativas e/ou a falta de fontes locais produzidos por pessoas que escreveram e narraram a formação da cidade, mas que não são nem citados nem utilizados como referências. Para isso, busco uma análise sobre a contribuição de Alcides Lacerda na construção de Eunápolis e para a literatura regional.

Palavras-chaves: Memória, política local, educação, história regional.

A distração da Uneb-Eunápolis, enquanto a memória dorme na rua em frente*

(…)Leitura social do passado com os olhos do presente, o seu teor ideológico se torna mais visível.

Ecléa Bosi, em Memória e Sociedade, Pag. 371. Ed. USP. 1987.

Apresentação:

Este artigo, além de provocar, tem como objetivo estimular a reflexão sobre a não-utilização(ausência ou negação) de fontes e referências históricas locais escritas, tais como: ensaios, Tcc’s, investigação histórica ou pesquisa, desvelando o papel das escolas públicas em Eunápolis, desde o ensino fundamental até a universidade, cuja atribuição na atualidade deixa a desejar por não utilizar do arcabouço de artigos, teses, ensaios, livros da literatura regional, pesquisas sociais, etc, que poderiam embasar os estudos das disciplinas, da pesquisa, do trabalho escolar, do estudo dos fenômenos sociais ou de abordagens investigativas no contexto local e regional.

Como bem disse o historiador e professor do Ifba, Erahsto Felício:

Toda escola municipal deveria ter a disciplina ‘história local’.

Esse texto poderia lembrar também de um tempo recente em que havia na Uneb de Eunápolis uma deficiência, um alheamento(negligencia, preguiça?) dos professores universitários, notadamente da Uneb e do IFBA em aplicar, buscar conteúdos locais, regionais, orientar Tcc’s, artigos e teses que investiguem, instiguem o olhar sobre o local. Poderia provocar um debate ao dizer que as escolas técnica e universitária não tem fonte(ou não reconhece tais estudos como fontes) de pesquisa regional, uma vez que os seus professores em sua maioria, são professores vindos de outras regiões da Bahia e de outros estados, que desconhecem os fatos históricos locais, limitam-se aos conteúdos básicos/técnicos das disciplinas, adotam a universalização dos conteúdos, pouco pesquisam, pouco estimulam os alunos a pesquisar e desprezam a história local. Soma-se a isso, certa apatia e desinteresse pela cultura local. Evidente que essa situação foi superada em parte, mas ainda existem exceções entre os professores. Mais que isso vamos refletir sobre a desmemória1.

* Referencia à Av. Alcides Lacerda, endereço atual onde se localiza a Uneb Campus XVIII Eunápolis.

Se articular o local e o global é tarefa fundamental nos dias de hoje, é preciso muito mais que vontade para isso:

(…) Isso todavia, não é tudo. A consciência da diferença pode conduzir simplesmente à defesa individualista do próprio interesse, sem alcançar a defesa de um sistema alternativo de ideias e de vida. De um ponto de vista das ideias, a questão central reside no encontro do caminho que vai do imediatismo às visões finalísticas; e de um ponto de vista da ação, o problema é ultrapassar as soluções imediatistas(por exemplo eleitoralismos interesseiros e apenas provisoriamente eficazes) e alcançar a busca política genuína e constitucional de remédios estruturais e duradouros. Nesse processo, afirma-se também, segundo novos moldes, a antiga oposição entre o mundo e o lugar. (…) Milton Santos(do Pensamento único à consciência universal, Pag 116 – Edit. Record 2002).

Pro caso das escolas municipais e estaduais – ensinos fundamental e médio – de Eunápolis, tomamos de exemplo o caso do esquecimento da contribuição histórica de Alcides Lacerda para Eunápolis e região, ator político, pensador e historiador, muitas vezes chamado de louco por aqueles que desprezam a sua produção literária, que desconhecem a sua trajetória de luta. Lacerda, que foi chamado por muitos, de mau político, pela sua natureza pessoal de aproximação com os populares(um populista diriam outros), ao exercer um modo particular de administração num contexto nacional em que ser ‘oposição’ era ser relegado à completa exclusão, vai nos revelar um farto material de narrativa literária e conteúdo histórico que poderia muito bem ser conteúdo nas salas de aulas da região.

Vamos demonstrar as implicações políticas disso e justificar porque a história de Alcides Lacerda sofreu a tentativa de esquecimento, na medida em que a oligarquia política que foi se formando em Eunápolis forçou a população eunapolitana crescente, a uma “desmemorialização”, sobre o que representa a preservação da memória histórica, com base em Alcides Lacerda e, pro caso de Eunápolis, a necessidade de zelo com o seu patrimônio e as suas expressões culturais.

Ao fim do artigo apresentaremos uma lista de autores e atores políticos cujas narrativas delinearam a história regional, pensadores e pesquisadores locais ou outros autores que se debruçaram sobre isso e – diversos livros – que tem se constituído fontes para quem de fato planeja compor a história local e finalmente permitir o reconhecimento dos seus sujeitos através de suas narrativas, dando lugar ao novo, à altivez de seus cidadãos, seus aspectos que lhes dão identidade e projetam futuro.

Eunápolis na Desmemória

Eunápolis é uma cidade nova, mas o povoado surgiu em 05 de novembro de 1950, conforme os relatos, os poucos registros fotográficos e a missa do Padre Emiliano na praça do Cruzeiro, hoje a Praça da Bandeira, centro da cidade. Dali a história e a memória foram conectadas para seguir o rumo do progresso de um povoado que cresceu tanto, até ser chamado de o ‘maior povoado do mundo’. Esse título foi sustentado com muito orgulho por todos os moradores da cidade, durante o período em que o povoado existiu com esse status, território dividido pelos municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro.

O maior povoado do mundo crescia vertiginosamente, entre as contradições do mundo moderno, dos enfrentamentos políticos, dos conflitos agrários e da insegurança de um lugar em disputa de terras, desmatamento desenfreado e contendas entre os líderes políticos locais. Ser o povoado maior do mundo e depois virar cidade, foram anos de debates e discursos de muitas autoridades locais, daqueles que desejavam manter o título de ‘maior povoado do mundo’ e daqueles que acomodados na prefeitura de Cabrália ou Porto Seguro, nem ligavam para a cidade futura. De modo que, no momento em que as autoridades – resguardados em seus interesses particulares – quiseram e determinaram, o povoado virou cidade. Assim, através de decreto do governo da Bahia, Eunápolis se fez cidade em maio de 1988, pelas mãos do governador Valdir Pires. Dali em diante, as comemorações da cidade passou a ser o dia 28 de maio de cada ano, após o advento municipal de 1988, em detrimento da memória histórica do 05 de novembro, marco fundacional do lugar.

(…) Todavia, a memória não é oprimida apenas porque lhe foram roubados suportes materiais, nem só porque o velho foi reduzido à monotonia da repetição, mas também porque uma outra ação, mais daninha e sinistra, sufoca a lembrança: a história oficial celebrativa cujo triunfalismo é a vitória do vencedor a pisotear a tradição dos vencidos.(…) Marilena de Souza Chauí, em “Trabalhos da memória”, texto de apresentação do livro de Ecléa Bosi, “Memória e Sociedade, USP.

A primeira pergunta é: Por que da noite pro dia, a data do 05 de novembro foi esquecida? Por que repentinamente o orgulho de ser morador do maior povoado do mundo desaparecera?

A resposta está em uma pessoa chamada Alcides Lacerda.

Alcides Lacerda é memória da cidade

Alcides Góbiras Lacerda, por ele mesmo, em seu livro O Fundador de Eunápolis: Um “Gênio” da boa vontade, do esforço e da curiosidade: mineiro do Vale do Jequitinhonha, nasceu na Fazenda Realeza, município de Jordânia-MG, foi vaqueiro, tropeiro, carpinteiro, delegado etc(…), Vereador, duas vezes prefeito de Eunápolis (e finalmente): poeta, escritor, fundador de jornais, etc.

(Livro “O fundador de Eunápolis, sessenta e quatro”, Edt. Gráfica Radami, 2003).

Alcides não era somente um defensor da história, um memorialista, ele também dominava a narrativa histórica, tendo lançado diversos livros, dentre eles, “O Fundador de Eunápolis”, que narra a história e as nuances do surgimento do povoado 64, também chamado de Ibiapina, que mais tarde seria Eunápolis.

Alcides Lacerda era um pensador e mais que pesquisador, reelaborava os acontecimentos ao seu modo e traçava uma narrativa peculiar, argumentativa, próxima do surrealismo latinoamericano de Gabriel Garcia Marquez, para traçar a sua visão de mundo e seu entendimento sobre o universo local.

Em sua narrativa histórica não há lugar para imparcialidades, bem como em sua vida de político militante e administrador público. Alcides Lacerda foi um homem de posição, um estadista e um crente no progresso da cidade, herdeiro do positivismo e do populismo que marcou os homens públicos que governaram por décadas o Brasil do século 20.

Como militante político, era simpático de Getúlio Vargas, mas cerrou fileiras no antigo MDB.

Oposicionista por natureza, tinha muitas histórias para contar, histórias que não entraram em nenhum dos seus 23 livros lançados.

(…) Na memória política, os juízos de valor intervem com mais insistência. O sujeito não se contenta em narrar como testemunha histórica “neutra”. Ele quer também julgar, marcando bem o lado em que estava naquela altura da História, reafirmando a sua posição ou matizando-a. (…). Ecléa Bosi, em Memória e Sociedade, Pag. 371. Ed. USP. 1987.

Alcides Góbiras Lacerda era um homem gentil em geral, e, em particular, era um conservador, sobretudo no que dizia respeito a comportamentos de família, costumes e de religião. Era um homem alegre, comunicativo. E detinha um repertório cultural amplo, da música à culinária, da erudição filosófica ao misticismo tradicional. Interpretava sonhos e ressignificava os acontecimentos da história em que era participante ou espectador.

Como homem da memória, ele condenaria hoje ao que foi relegada a história de nascimento e criação de Eunápolis. E convenhamos, esse esquecimento e aparente descaso com a trajetória histórica que fez de Eunápolis essa cidade de hoje, é um acinte à memória de Alcides Lacerda.

A trajetória de Alcides é a cidade

As eleições municipais de 1970 vai eleger Alcides Lacerda como prefeito de Santa Cruz Cabrália, em que o povoado Eunápolis já determinava a dinâmica política, social e econômica do município e influenciava definitivamente nos acontecimentos de Porto Seguro. Tanto que a sede administrativa de Cabrália era em Eunápolis e por seu turno, o executivo de Porto Seguro – ao deter parte do território no povoado –, mantinha inevitavelmente o olhar administrativo também para Eunápolis.

Alcides Lacerda – do ponto de vista político – era a figura central, determinante para os rumos da futura cidade. Eunápolis tinha uma sociedade ainda muito aventureira, indecisa sobre investir ou não nela e que vivia para si, arriscando as suas economias em negócios supostamente incertos(escritórios de extração madeireira, venda de imóveis, serviços básicos, aquisição de terras sem documentos legítimos, etc). Essa incerteza fazia da política local um segundo plano para a sociedade crescente, terreno que somente pessoas com o “tino” mais aguçado para isso, como Eliezer Leite(que mais tarde vai influenciar Arnoldo Lima a entrar na política eleitoral) e Alcides Lacerda disputavam a administração municipal, ambos sob os créditos de famílias tradicionais de Cabrália, que não eram muitas e nem rendiam muitos votos, mas tinham valor político, por ser a sede do município.

Eunápolis caminhava inevitavelmente para a sua emancipação política administrativa, fato que somente vai ocorrer em 12 de maio de 1988, quando o então governador do estado, Valdir Pires, assinou o decreto estadual nº 4770 que emancipou oficialmente o povoado, confirmando a vitória da emancipação em um Plebiscito já de cartas marcadas2. Eunápolis passou então a ser uma cidade independente. Antes disso, diversas motivações e interesses impediram a emancipação3, já que desde o seu primeiro mandato é que Alcides Lacerda pautava a demanda junto ao governo estadual4. Por isso ocorreram vários plebiscitos, muitos manipulados de acordo os interesses dos poderes locais, assentados na administração e no Parlamento municipal de Cabrália e Porto Seguro5.

A emancipação vai acontecer em 1988 e o primeiro prefeito da nova cidade será Gediel Sepúlveda, em pleno advento da nova Constituição Federal, aprovada em outubro do mesmo ano.

Em 1988 o acontecimento emancipatório é um evento político muito importante para a cidade, resultante das articulações políticas que marcam a história de Eunápolis e vai permitir o reordenamento das forças políticas locais, trazer novos atores políticos e silenciar a importância histórica e política que teve Alcides Lacerda no processo, ainda que no final da emancipação, ele já sentia o desgaste, o isolamento e a falta de reconhecimento da sociedade, dos novos políticos para o que representou e representa a sua figura na memória da cidade.

Alcides Lacerda governou entre 1971 a 1974, depois elegeu o seu sucessor, Elivar de Moura, que governou de 1975 a 1979. Lacerda voltou ao governo novamente entre 1979 a 1983, em seguida elegeu novo sucessor Arnaldo Moura Guerrieri entre 1983 a 1987, influenciando no poder local por quase duas décadas, atuando no campo da administração pública, na articulação política regional(foi de Alcides a ideia do marco do descobrimento em Coroa Vermelha, inaugurado em 1973 pelo então ministro do interior Mario Andreazza, cuja celebração ainda acontece anualmente).

Quando é inaugurada o marco de Coroa Vermelha, Alcides Lacerda já estava finalizando o seu mandato, porém a sua presença no evento é representativa. Para ele, esse evento fechava um ciclo em sua vida de político, mas isso não bastava.

Em basicamente todo esse período Lacerda passou o seu tempo escrevendo à mão os seus livros, enquanto militava na política. Até hoje nenhum ator político eunapolitano havia realizado tamanha façanha, de se eleger, eleger outros sucessores, retornar ao poder municipal e produzir literatura regional.

Com a idade avançada, Alcides Lacerda preferiu dedicar-se aos seus livros e a aceitar o jogo do poder político local dominante, que o relegou, negou o seu reconhecimento, não teve a capacidade de alcançar o seu intelecto e a sua visão de mundo, talvez por um receio que não compreendemos ainda ou talvez por incapacidade mesmo, de compreender e reconhecer o papel histórico de Alcides Lacerda e a sua indelével vinculação com a construção da cidade e toda uma herança de políticos influenciados por ele, mas que negam ou tentam negar essa influência, essa herança. E por esse motivo, negam os acontecimentos fundacionais da cidade.

Incapacidade e medo de alguns levou ao esquecimento

Soterrar de uma vez e propositadamente a memória de criação de Eunápolis, tem que haver explicações, estudo social e justificativas que traduza tamanha burrice.

E se não existem estudos, existem explicações, especulações, curiosidades, como a que desenvolvemos aqui nesta reflexão, que vai buscar sentido para o posicionamento retrógrado dos homens públicos de hoje, que negam a história da cidade, em troca de um status quo ilusório, efêmero e anti-alcidista. Portanto, o medo da memória e o espectro de Alcides Lacerda faz com que os políticos locais de hoje, escondam e evitem contar a história desde o seu começo. Mas o recorte é muito feio, uma nesga, uma ferida, pode se dizer, porque, pergunto: como se explica contar aos jovens estudantes de hoje que a cidade tem 29 anos? Sustentando o engano, como se Eunápolis tivesse surgido em maio de 1988(?). Basta olhar uma fotografia da cidade em preto e branco, datada de 1954, 1960, 1970 e olhar as fotografias da cidade no tempo presente.

Eis a memória revelada pela fotografia que vai ajudar na lembrança.

Teoney Guerra, jornalista em Eunápolis, conseguiu reunir muitas informações e construiu uma narrativa, tecendo um elo histórico importante sobre a cidade, porém não explica fenômenos nem analisa os fatos, preferindo assim, omitir os atores políticos e as nuances que fazem com que a cidade seja o que é hoje, bem como, prefere não sinalizar quem são aqueles que direcionam a política, a sociedade e a desmemória.

Muita gente da elite não gostava de Alcides Lacerda(e não gostam até hoje), em sua maioria porque não entendiam-no ou tinha medo de que o seu pensamento os forçasse a ter que pensar também e a agir com maior dignidade e coerência, práticas e princípios que os detentores do poder político não se importavam naquele momento. Para grande parte dessa elite, Alcides Lacerda estava ultrapassado, não garantia nem votos, nem lucros para os seus cofres mesquinhos, era um mentiroso caduco e deveria ser esquecido. Por isso o que se percebe é um movimento reacionário que tenta confirmar, configurar o ato desse esquecimento, dessa desmemorialização e – supõe-se – que este ato tenha sido eficaz( desejou erradamente a elite), bastando então soterrar de uma vez por todas, a história do surgimento de Eunápolis, argumentou alguns. Mas não deu certo.

Por isso constata-se: Realizar as celebrações que fundamentam a identidade e a gênese de Eunápolis na data de sua emancipação, 12 de maio de 1988, em contraposição aos fatos históricos que registram o nascimento de Eunápolis na década de 1950 e toda a movimentação local em torno do dia 05 de novembro, é a tentativa de soterrar o passado recente, em que atos ilícitos, disputas da propriedade privada, exploração madeireira, abuso de poder, expulsão do homem do campo e assassinatos ficassem impunes, esquecidos, com a história e a memória da trajetória de surgimento da cidade. A tentativa de soterrar a história é na verdade, acobertar diversos ilícitos, inclusive aqueles cometidos contra Alcides Lacerda.

Pergunto: Em qual escola municipal de Eunápolis, na disciplina de história aprende-se, pesquisa-se, estuda-se e debatem sobre a história de Eunápolis, quem foi Alcides Lacerda, quem foi Vanderlei Nascimento, quem foi Eliezer Leite, quem, como e quando surgem os fatos que fizeram nascer a cidade? Que atos simbólicos, celebração ou sessão solene acontece em face do aniversário de criação da cidade? Quem definiu, determinou que Eunápolis passa a existir somente a partir de 1988 e que antes disso não existe história?

Uma rua, uma praça dedicada a homenagear a história ou o sujeito dela, não recompõe os laços da história nem garante a necessidade de permanente memória. Um museu da memória tão somente também não garante perpetuação dos fatos históricos. Mais triste ainda é essa intencional desmemória, esse descaso com a história e com os seus sujeitos. Criar vínculos de pertencimento e de compromisso com a memória é o desafio. Passa primeiro pela eleição de novas prioridades para a cidade, novos parlamentares, novos atores na educação, na administração pública e na justiça local. Um conjunto de ações integradas, que alie cultura, cidadania e compromisso com a história local. Quem sabe então, os jovens que são alunos hoje na Uneb possam contar a história de sua terra natal, de sua região e de sua cidade, sem temor nem tédio, se reconhecendo como protagonista e pensador.

REFERENCIAS:

– Alcides Lacerda: O Fundador de Eunápolis, Sessenta e Quatro, Editora Radami, 2003.

– Milton Santos, do Pensamento único à consciência universal, Pag 116 – Editora Record 2002.

– Eclea Bosi: Memória e Sociedade, Lembrança de Velhos, Editora USP. 1987.

Na internet:

– A Gazeta Bahia: Teoney Guerra, anuncia publicação de sua Revista “Os empreendedores fizeram Eunápolis”, 2009.

http://www.agazetabahia.com/reportagem/7477/5-de-novembro-ha-64-anos-era-aclamada-a-fundacao-do-povoado-de-eunapolis-05-11-2014/

Radar64, maio de 2017, Teoney Guerra, sobre a emancipação:

http://radar64.com/noticia/eunapolis-29-anos-dos-primordios-a-emancipacao_35447.html

Autoria: Sumario Santana: Além de formação em antropologia, história e indigenismo, é Poeta, estudioso da política pública de cultura e da história regional.

Eunápolis, novembro de 2016.

Anexo:

Lista de Livros ou textos sobre a história regional(algumas sugestões de estudo e consulta):

– A Colonização e o povoamento do Baixo Jequitinhonha no século XIX/ A “guerra justa” contra os índios. Cézar Moreno. Editora Canoa das Letras-BH.

– O Vale dos Boqueirões/ História do Vale do Jequitinhonha. Vol. I – Luis Santiago. Editora Boca das Caatingas.

– Entre o fruto e o ouro: Escritos da história social do Sul da Bahia. Org. Erahsto Felício e Philipe Murílio. Editora Mondrongo.

– O Fundador de Eunápolis, Sessenta e quatro. Alcides Lacerda. Editora Radami.

– O Tropeiro, os Arianos e as mudas de Canavieiras. Alcides Lacerda. Editora Memorial das Letras.

– Itagimirim: minha vida é aqui. Otoniel Ferreira dos Santos. Editora Kelps.

– Alfabetização Cultural: A luta íntima por uma nova humanidade. Dan Baron. Editora Alfarrabio.

– D’Acolá. Marcos Pontes. Edição do autor. Distribuição: Osvira lata.

– Cachoeirinha: Freguesia de N. Srª da Conceição da Cachoeirinha do baixo Jequitinhonha. Milson do Carmo Nascimento. Edição do autor.

– Iararana. Sosígenes Costa. Editora Cultrix.

– Itinerários da Gameleira. Geraldo Dantas. Editora Nova Safra.

– Ninguém pode se calar: Depoimentos na Comissão Nacional da Verdade. Pinheiros Salles. Editora Kelps.

– Pavão, parlenda, Paraíso. José Paulo Paes. Editora Cultrix.

– Eunápolis em Prosa e Verso. Professor Raimundo. Edição do autor.

– Passos da minha caminhada. Tarcísio Formiga. Editora Liberato.

– Viver é realizar encontros e desencontros. Marta Regina Kurosaki. Edição da autora.

– Poesia Completa, de Sosígenes Costa. Edição: Conselho Estadual de Cultura da Bahia.

– Contos da cidade. Org. Fórum Permanente de pensamento e memória. Caravelas- Bahia.

– Além do Eucalipto: O papel do extremo sul da Bahia. Pe. José Koopmans. Edição do autor.

– Plantações não são florestas. Org. Ricardo Carrere e Pe. José Koopmans.

– Eunápolis, 25 anos. Antonio Reis. Edição celebrativa, do autor.

– Recontando a história do índio no Brasil. Anaí-Bahia. Edição Anai-Ba.

-Violações socioambientais promovidas pela Veracel Celulose. Org. Cepedes. Editora expressão popular.

– Lembranças da Terra. Histórias do Mucuri e Jequitinhonha. Org. Eduardo Magalhães. Edição do Cedefes. BH.

– Terra à Vista: Descobrimento ou invasão. Benedito Prezia. Editora Moderna.

– Lições de Abril. Pataxó em Coroa Vermelha. América Lúcia Silva César. Editora da Ufba(Edufba).

– Esperança Luminosa. Historia, contos e cantos Pataxó. Org. Sandra Maria da Silva e Regina Oliveira.

– Relatório circunstanciado de identificação da Terra Indígena Pataxó do Monte Pascoal. Maria Rosário Gonçalves de Carvalho. Anaí-Bahia. Edição e divulgação não autorizada.

– DESIGUALDADES REGIONAIS NO EXTREMO SUL DA BAHIA: DESAFIOS E OPORTUNIDADES. Ednice de Oliveira Fontes. Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva. Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina

– CIDADE E MEMÓRIA: URBANIZAÇÃO E CONFLITOS EM EUNÁPOLIS. DOS ANOS DE 1970 A 1988. LEVI SENA CUNHA. Trabalho de conclusão de curso apresentado

como requisito para a obtenção do grau de licenciatura em História da Universidade do Estado da Bahia – Campus XVIII Eunápolis.

– POVOADOS DE CACHOEIRINHA E MASSARANDUBA (VALE DO JEQUITINHONHA, BA):A RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO, AGENTES E CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO. Ana Cristina de Sousa. Universidade Federal da Bahia.

1 O dicionário resume a desmemória ao simples “esquecimento. Ou falta de memória.” Cabe a nós refletirmos sobre as causas desse esquecimento.

2 A consulta popular foi realizada no dia 25 de novembro de 1984, porém, foi pequena a quantidade de votantes – abaixo do que exigia a lei, 50% mais um – e o “sim”, que representava a emancipação não obteve os votos necessários, na consulta popular. Essa baixa presença de eleitores ao Plebiscito teria sido resultado de uma campanha feita por políticos de Porto Seguro que não queriam a emancipação.

3 Políticos e empresários de Porto Seguro por exemplo, a despeito de perder parte do território, eram contra o movimento pela emancipação em Eunápolis.

4 Vereadores como Moisés Reis em 1962, com mandato eleito por Cabrália à época apresentou PL para a emancipação, que foi rejeitada pelos pares.

5 O projeto foi aprovado e um novo Plebiscito marcado para a consulta popular. No dia 7 de fevereiro de 88, o Plebiscito foi realizado e a maioria dos eleitores aprovou a emancipação. Um total de 21.897 votos foi dado ao “SIM”, enquanto apenas 121 votaram no “NÃO”, ou, contrários à criação do município. Concluído o processo, no dia 12 de maio daquele mesmo ano, o governador Waldir Pires sancionou a Lei nº 4.770, que criou o município de Eunápolis.

Uma resposta

  1. Cristina Gobiras Lacerda
    | Responder

    Perfeito! A história se faz com a história do seu povo , sua gente. Acrescento aqui o nome de Wilson Ávila Santana, por ser um baluarte nas questões culturais deste município, começando na década de 70 , quando trouxe o de mais puro e simples, para o bairro do Gusmão, junto a Alcides Lacerda às tradições juninas, dentre outras contribuições para o desenvolvimento fo povoado, inclusive para sua emancipação política. Ainda nos leva a crer que a humildade é confundida pelos incautos, como não valia, neste país que a condição financeira se mede pelo números matematicos das contas bancárias e seus interesses próprios.
    Cristina Gobiras Lacerda

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