Colônia: Nem tudo é asfalto

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estrada da colônia em obras

Após anos entre promessas e contendas, finalmente será construída a parte – pequena – da rodovia BR-367, no trecho que liga o distrito da Colônia a Eunápolis, cerca de sete quilômetros apenas. Esse pedacinho de estrada é rota dos viajantes há quase cem anos e tornou-se rodovia federal em 1950 através de um ato do governo Juscelino Kubitschek, que tinha o sonho de ligar Diamantina-MG ao sul da Bahia, na região do marco da conquista portuguesa no Brasil.

Como rota, a estrada serviu aos comerciantes e mascates, aos romeiros de fé e às diversas famílias que fizeram o caminho contrário das entradas e bandeiras, repovoando as matas que antes abrigavam os povos originários, ganhando a partir dali, um contorno de campesinato- quilombo e aldeia. Como mais um portal para conectar famílias e novidades, a estrada da colônia foi a rota do abastecimento agrícola para um povoado em larga expansão, que mais tarde vai ganhar o nome de Eunápolis.

O pequeno trecho chamado “estrada da colônia” sempre teve uma movimentação intensa, em que uma das principais características desse vai e vem eram as viagens a cavalo ou a pé. As tropas, as Romarias e as cargas de mercadorias se alternavam entre os burros de cargas e raríssimos jipes. Porém, as famílias da vila da Colônia e do entorno sempre tiveram o costume de viajar a pé, seja para trabalhar nas lavouras mais próximas, seja para comprar mantimentos ou vender produtos orgânicos, frutas e verduras de época, grãos ou produtos beneficiados, como a farinha, o beiju e a goma. Andar era coisa do cotidiano. E até hoje é.

Ainda é possível ver e registrar no cotidiano das semanas, muita gente andando, no ir e vir da rotina de trabalho, pela estrada da colonia.

A bicicleta talvez hoje seja o meio de transporte mais utilizado no trecho, ainda que a moto tenha ganhado espaço nos últimos anos. Mas ainda vemos muita gente, trabalhadores, trabalhadoras, andando a pé, adentrando-se em ramais, bifurcações que vão dá em roças de produção familiar ou em moradias que remontam o tempo das primeiras habitações.

Essa movimentação no chão batido da estrada oferece menos perigo, visto que a estrada de terra permite alterações de velocidade dos carros, agora tão presente. O risco de um atropelamento, de um incidente existe em escala menor na estrada de terra.

O caminho foi sendo feito, caminhando. Mesmo com os perigos de hoje, ainda se caminha muito na estrada da colônia.

Com o asfalto, esse risco se amplia, se multiplica infelizmente.

E provavelmente vai mudar a rotina de quem passa de manhã cedinho e retorna à tardezinha, na leveza do caminhar ou na silhueta da bicicleta, porque as laterais da estrada asfaltada não oferece segurança e ainda é uma incógnita sobre o perfil do chamado acostamento.

Com o asfalto realizado, chegar à colônia fica mais fácil, mais veloz, mais tudo.

E aí o futuro é incerto.

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