TRILHANDO CAMINHOS

Todo ano o Viola de Bolso faz seu planejamento. Este ano, no marco dos 30 anos de emancipação da cidade, oferecemos a Eunápolis uma proposta de projeto cultural que comporte ações nos bairros, reflexões nas escolas, mobilização dos grupos culturais, discussões sobre o papel da imprensa, capacitação e formação de agentes de cultura locais, dentre outras medidas e propostas.

O projeto “A Cultura tem futuro” é a nossa resposta e compromisso com a cidade e pelo que ela vem passando. Mas a cidade não é um ente inanimado. A cidade são as pessoas e as suas formas de inter relações, através dos grupos sociais, famílias, entidades sociais, administração municipal, ministério público estadual, empresários, igrejas, órgãos públicos ligados à justiça, cidadania e segurança pública. Os bairros e as suas formas de dialogar com o conjunto da sociedade, a juventude e as escolas municipais, estaduais, técnicas, faculdades, etc.

Qual a sua palavra chave para a Cultura de Paz?

Em 2015 o Vereador Lucas Leite propôs na Câmara de Vereadores, uma Lei que tornasse a Cultura de Paz uma ação concreta, planejada e voltada para as demandas da cidade. Porém o legislativo não respondeu à altura.

Em sua proposta de campanha à reeleição como vereador, Lucas Leite insistiu: a sua bandeira de luta e compromisso social, passava por uma Cultura de Paz, este era o seu lema. A proposta envolvia não só o conceito e o sentimento, mas as respostas necessárias aos desafios da conjuntura local. O lastimável é que Lucas Leite não foi eleito e a cidade perdeu. Mas continuamos na trilha do caminho por uma Cultura de Paz.

Chegamos ao fim do primeiro semestre de 2018, cumprindo o planejamento que traçamos no começo do ano. Lá no começo a gente refletia sobre as dificuldades, não víamos saídas, mas continuamos o caminho.

Atualmente o Viola de Bolso está sem qualquer apoio financeiro, conta apenas com a voluntária ação dos seus ativistas e mantém na marra, o espaço cultural funcionando.

Temos a consciência da negação do direito pelo poder público local, pelo estado brasileiro, visto que, a cultura como um direito, sabemos do papel que temos junto à comunidade local.

Eunápolis passa por uma profunda crise de perspectiva, mas sobretudo para por uma aguda falta de responsabilidades. Ninguém se acha responsável pelo que vem ocorrendo. Paira um silêncio geral: cala o poder público, cala as instituições de defesa da cidadania e da justiça, cala a sociedade. Enquanto os índices de violência gritam aos nossos ouvidos e mentes.

E nessa crise, em que ninguém pensa ou propõe as alternativas, nós do Viola de Bolso, temos a audácia necessária de dizer por onde passa as alternativas de saídas e superação de parte dos males que atinge a cidade e os seus cidadãos.

A Cultura como futuro, a educação escolar como porto seguro, para preparação da caminhada. A cidadania e a garantia de direitos como exercício de sociedade solidária.

A Cultura de paz deve ser a prioridade. A segurança pública vem em seguida, mas isso não quer dizer mais polícia na rua, nem mais cadeia para os bandidos ou criminosos. Quem são os bandidos? Quem são as suas famílias? Quem são os jovens que são abatidos todas as semanas, dos meses e dos anos que se seguem?

Que cada instituição leia, estude, projete sobre o seu papel neste processo.

O poder público precisa criar as condições morais e estruturais para conduzir o diálogo junto à sociedade e aos movimentos sociais, a juventude e as representações de bairros.

A pauta é a Cultura de paz.

Já estamos sentados à mesa, aguardando que os demais possam se apresentar da mesma forma.

O diálogo está aberto.

Vamos trilhando os caminhos, para que o segundo semestre de 2018 termine com grandes feitos!