1950

Eunápolis, que novembro era aquele?

No dia 05 de novembro de 2022 a cidade completa 72 anos de sua fundação.

Lá pelos idos de 1950 alguma coisa aconteceu que os grupos de famílias habitantes no entreposto, rota de mascates e romeiros, decidiram que o local seria um povoado promissor. E assim gestaram o futuro. O local era formado por pretos e caboclos que desceram o Jequitinhonha ou vieram fugindo de secas e conflitos nos altiplanos do sertão baiano.

O aglomerado que virou um povoado, já existia duas décadas antes e servia apenas para descanso dos viajantes e apoio a tropeiros, romeiros e trabalhadores na abertura das estradas anunciadas pelo governo central. 1950 era a modernidade entrando Brasil adentro: a industrialização nacional, as exportações e a construção de infraestrutura como rodovias e hidrelétricas eram anunciadas como o desenvolvimento em curso. A construção de Brasília, a capital federal era o assunto.

O novembro de 1950 naquele lugar onde algumas famílias decidiram fincar morada, era incipiente e diferente daquele novembro das autoridades brasileiras.

A esperança só vai levantar voo, anos depois, pelos primeiros acontecimentos para a criação dos monumentos ao local onde o Brasil nasceu, Porto Seguro e Cabrália.

Entre 1950 e 1970, a região se transforma e nessas mudanças, Eunápolis aparece sorrateiramente.

Em 1943 Getúlio Vargas já havia publicado decreto de criação do Parque Nacional do Monte Pascoal, em território Pataxó.

Em 1951, Juscelino Kubitschek aprova a ordem de serviço da construção da BR 367, ligando Diamantina a Porto Seguro, passando todo o Vale Jequitinhonha e cruzando o povoado de Eunápolis.

Em 1970 inicia-se as obras de construção do asfalto, no trecho entre a fronteira do Espirito Santo, até Feira de Santana, cruzando Eunápolis, quando esse trecho é inaugurado em 1973, pelo então ministro do interior Mário Andreazza.

É durante essa década que o fluxo de capixabas vindo morar na região se intensifica e Eunápolis ainda povoado, é lugar de boa morada.

É durante essa época que o êxodo rural é um dos fenômenos sociais que surpreende e exige um novo olhar dos governantes, dada o veloz crescimento das cidades nascentes.

Entre 1970 a 1980, a devastação florestal da Mata Atlântica no extremo sul da Bahia ganha dimensões alarmantes, a expansão agropecuária causa conflitos agrários em todos os municípios e Eunápolis é um lugar de pistoleiros e serrarias, a conviver com homens de bem. O trabalho nas serrarias são de exploração quase análoga à escravidão e os sindicatos ainda são atrelados aos interesses dos patrões.

Em 1985, a abertura política provoca mudanças fundamentais, traz a esperança da democracia com eleições livres e novos marcos legais, conquistados pelo povo brasileiro, efetivados na Constituição Federal de 1988.

Em 1988, Eunápolis se emancipa e, a partir de um ato administrativo do Governador Valdir Pires, passa a ser cidade.

Nesse período, a cidade já se configurava em um território expandido, com 1.425. 970 km. Na cidade, bairros surgindo um a um e na zona rural, novas ocupações de terra disputavam com o latifúndio.

Já os anos 1990 serão marcados pelo monocultivo do eucalipto, o deserto verde…